sábado, 9 de agosto de 2025

Multiplicação

 


Multiplicação

Carne da minha carne

Carne da minha carne

Carne da minha carne

Multiplicada, caminho fora de mim

Muito para além do onde um dia poderei com meus próprios pés ir

Feitos de parte do meu barro

E assim criados para que o Mundo finalmente faça algum sentido para mim

Trilham seus caminhos meninos e meninas

       Que têm meu amor desde o começo,

                                                                        Amor maior sem fim

Alma da minha alma

Alma da minha alma

Alma da minha alma

Várias vezes multiplicada minha alegria de estar viva agiganta por nossos laços;

Abraços pelo tempo aperfeiçoados

Obra mais bonita de Cronos que enquanto me desgastava os fez,

diante dos meus olhos, homens e mulheres para o mundo futuro criados

Deus cruel, ensinou-me o amor

                                                                                                                                                           ilimitado

incondicional

irracional

amor desconhecido até então, até que todos os seus olhos se abriram

e eu,

eu conheci o que é o verdadeiro medo.

                                                                                                                                                desespero

 

El encuentro





 

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Oração ao Tempo


 

Um Tempo

 


Um Tempo

O tempo passa rápido. Passa. Todos nós ouvimos isso vez ou outra ao longo da vida e não damos muita importância ao tal vilão enquanto somos jovens. Verdade. E a verdade é que realmente não devemos dar muita importância a tal passagem do tempo. Dane-se o tempo. Somos quem somos, não o deixaremos de ser com a tal passagem de anos mesmo que eles se multipliquem às centenas.

Sou a mesma. Numa versão aperfeiçoada por dentro; verdade. Não tenho saudades da velha Mari e seus medos e angústias. A vida agora é muito melhor sem nenhuma sombra de dúvida, mesmo que muitas coisas que eu amava já não façam parte da minha vida como antes faziam. Noitadas à deriva... não; obridadinha.

Sou a mesma. Numa versão muito piorada por fora. Verdade também. E isso me assusta um pouco; às vezes, muito. E em momentos de fraqueza, vez ou outra, batem saudades grandes do corpinho que eu habitava aos 25, aos 30 e muitos, e até aos 40 e poucos... Pois, sou uma alma pequena e apegada à matéria. Uhh; falta-me o desapego que apenas as almas elevadas têm. Sou mesmo tosca e ver a mudança física para pior incomoda.

Entretanto, mesmo assim, um tanto parva, envelhecer me assusta muito menos do que imaginava. E isso é ótimo! As doenças ainda não chegaram. Ok, ok... as costas doem um pouco em alguns dias. O tal do climatério me bagunça e faz com que eu tenha que me adaptar a um organismo em rebeldia. Um saco! Contudo, para quem já passou pela pré-adolescência, viver a “pré-envelhecência” é molezinha. Garanto.

O fato é que, de fato, não há o que temer apenas e simplesmente pela passagem do tempo. A vida é assim. Florescemos e depois viramos pequenas sementes para futuras flores, dando, assim, espaço à nova vida. E isso é muito bom e bonito de perceber. Hoje, para além de muito que ainda quero ver e fazer, dá-me imenso prazer acompanhar o florescimento das minhas sementes. Lindas.

E quando algo me aperta o peito. Depois de ter visto tanto tempo passar, eu já aprendi a dar um tempo para que tudo passe.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

La fine...


 

Imaginário particular

 


Imaginário particular

 

Te imagino e invento,

E assim, sem seres real, jamais deixarás de existir

Persistes

Te vejo e revejo de olhos fechados

Lá estás todo santo dia sem forma nem cheiro

Lá estás em sons do meu desejo

Lá estás sem nunca ter estado porque assim são as coisas que na verdade não existem

Lá, onde nunca iremos estar,

Persistes

Prendo-me de bom grado à fantasia de amor que tu me ajudaste a criar

O nosso ridículo imaginário particular

domingo, 11 de maio de 2025

Navegar

 




Navegar

navego

leme nas mãos por todo o tempo

a crer que sei muito bem para onde vou

meu barco

meu timão

meu juízo

minha resolução

navego

no entanto não controlo os ventos que livres sopram e me levam

com eles

em direções desconhecidas

por uma rota traçada pela natureza inconstante das brisas que simplesmente

correm quando não lhes apetece dormir.