Palavra Todo Santo Dia
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Um Tempo
Um Tempo
O tempo passa
rápido. Passa. Todos nós ouvimos isso vez ou outra ao longo da vida e não damos
muita importância ao tal vilão enquanto somos jovens. Verdade. E a verdade é
que realmente não devemos dar muita importância a tal passagem do tempo. Dane-se
o tempo. Somos quem somos, não o deixaremos de ser com a tal passagem de anos
mesmo que eles se multipliquem às centenas.
Sou a mesma. Numa
versão aperfeiçoada por dentro; verdade. Não tenho saudades da velha Mari e seus
medos e angústias. A vida agora é muito melhor sem nenhuma sombra de dúvida,
mesmo que muitas coisas que eu amava já não façam parte da minha vida como
antes faziam. Noitadas à deriva... não; obridadinha.
Sou a mesma. Numa
versão muito piorada por fora. Verdade também. E isso me assusta um pouco; às
vezes, muito. E em momentos de fraqueza, vez ou outra, batem saudades grandes
do corpinho que eu habitava aos 25, aos 30 e muitos, e até aos 40 e poucos... Pois,
sou uma alma pequena e apegada à matéria. Uhh; falta-me o desapego que apenas
as almas elevadas têm. Sou mesmo tosca e ver a mudança física para pior
incomoda.
Entretanto,
mesmo assim, um tanto parva, envelhecer me assusta muito menos do que
imaginava. E isso é ótimo! As doenças ainda não chegaram. Ok, ok... as costas
doem um pouco em alguns dias. O tal do climatério me bagunça e faz com que eu
tenha que me adaptar a um organismo em rebeldia. Um saco! Contudo, para quem já
passou pela pré-adolescência, viver a “pré-envelhecência” é molezinha. Garanto.
O fato é que, de
fato, não há o que temer apenas e simplesmente pela passagem do tempo. A vida é
assim. Florescemos e depois viramos pequenas sementes para futuras flores,
dando, assim, espaço à nova vida. E isso é muito bom e bonito de perceber. Hoje,
para além de muito que ainda quero ver e fazer, dá-me imenso prazer acompanhar
o florescimento das minhas sementes. Lindas.
E quando algo me
aperta o peito. Depois de ter visto tanto tempo passar, eu já aprendi a dar um
tempo para que tudo passe.
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Imaginário particular
Imaginário particular
Te imagino e invento,
E assim, sem seres real, jamais deixarás de existir
Persistes
Te vejo e revejo de olhos fechados
Lá estás todo santo dia sem forma nem cheiro
Lá estás em sons do meu desejo
Lá estás sem nunca ter estado porque assim são as coisas que
na verdade não existem
Lá, onde nunca iremos estar,
Persistes
Prendo-me de bom grado à fantasia de amor que tu me ajudaste
a criar
O nosso ridículo imaginário particular
domingo, 11 de maio de 2025
Navegar
Navegar
navego
leme nas mãos por todo o tempo
a crer que sei muito bem para onde vou
meu barco
meu timão
meu juízo
minha resolução
navego
no entanto não controlo os ventos que livres sopram e me
levam
com eles
em direções desconhecidas
por uma rota traçada pela natureza inconstante das brisas
que simplesmente
correm quando não lhes apetece dormir.
segunda-feira, 14 de abril de 2025
Todos os Beijos para a Fran
Todos os Beijos para a Fran
Uma semana
depois e ainda não sabemos o que dizer, e por isso dissemos muita besteira. Uma
semana depois da sua despedida prematura, querida amiga, e não sabemos o que
pensar, o cérebro parece embriagado ainda pela surpresa terrível. Uma semana
sem Fran aqui conosco e o coração não sabe o que sentir. Tristeza, claro. Raiva,
um pouco. Carência, muita. Saudades, nem sabemos medir.
Fran, não estávamos
prontos para um mundo sem você. De forma alguma. Sem avisos, sem porquês
conhecidos, você partiu e nos deixou órfãos de irmã. Irmã amiga, irmandade
escolhida por nós, as capivaras, porque a família de coração se faz ao longo da
vida. Se faz com tudo que se vive. Com as risadas que não sabemos medir, com
momentos bons e ruins nos quais estávamos juntos, com colos e abraços desmedidos.
Vimos namoros e separações, conquistas e desilusões, formaturas, casamentos,
nos multiplicamos e novas capivarinhas vieram. Vivemos juntos, viramos adultos
juntos.
Amore, não
sabemos como estar sem você. A verdade é esta. Para mim, sobra o amargor de não
ter estado contigo quando eu devia este ano. Perdão amiga, me arrependo muito. E
sabe, Fran, a única coisa que temos certeza e de que uma pessoa ímpar nos
deixou. Nenhum de nós tem a sua paciência, o seu caráter pacificador, a sua
capacidade de se doar e perdoar. O seu bom humor eterno e a sua risada cheia de
vida.
Vamos sentir
tantas saudades querida. Beijos e beijos pra ti. Todos os beijos para ti aí no céu.
Te cuida, amiga!