quinta-feira, 20 de julho de 2023
domingo, 9 de julho de 2023
Rainha Rita
Rainha Rita
Já se passaram dois
meses depois da partida de Dona Rita e a vida besta, como ela diria, retornou a
seu curso regular como se nada tivesse acontecido. Assim sempre foi; assim
será. Afinal, partir faz parte integral do pacote e não há como escapar da grande
surpresa no the end. No way my man.
Para mim, ao contrário
do que cantou Caetano, sempre houve uma clara tradução de quem era Rita Lee. Uma
mulher diferente, irreverente, livre e muito à frente do seu tempo; do meu
tempo de menina. Uma mulher que me assustou, me surpreendeu, e me ajudou a
compreender quem eu era; quem eu queria ser desde pequena. Por isso, vê-la partir doeu e ainda dói um
tanto em mim.
Rita Lee e sua
música nos representou, às deselegantes meninas paulistanas sem muito jeito
para o mise en scène esperado de toda mulher brasileira e sua dita sensualidade
brejeira. Pois, por aqui não éramos todas brejeiras e nem muito dadas às etiquetas.
Fazer o que me desse na telha sem ter que dar satisfações a seu ninguém; isso sim
era o que eu queria já lá pelo início dos anos 80. E eu tinha em Rita a realização
concreta de que aquilo era possível.
Mission accomplished, my queen. Fizemos
e fazemos o que queremos, como podemos e sem ter que depender de ninguém. E eu
agradeço a ti por ter sido uma mentora divertida e cheia de talento que cantou
e me encantou desde o dia no qual eu me entendi mulher num mundo que não havia
sido criado para mim.
God save you, My Queen Rita.