O Monstro
Ele rasga a pele por dentro em fração de segundos, pois
não caibo em mim; ele não cabe em si.
Sou outra e me observo a fazer e a dizer o que nas muitas
horas de um dia
escondo.
Está livre o que há de pior dentre todas as formas,
jeitos e preceitos daquilo que somado sou eu.
Liberto, o meu monstro de olhos escuros corre pelas veias;
pela casa inteira a romper portas e janelas.
Faminto e carnívoro, ele chega à rua em busca de suas presas
preferidas: os que verdadeiramente amo.
E não havendo razão que possa ser ouvida nesses momentos,
o monstro desfere golpes cruéis e certeiros.
Parte ossos.
Arranca a pele.
Crava na carne e n’alma alheias suas garras feitas da
mesma raiva que me consome enquanto o constrói.
E quanto mais ele golpeia mais sinto eu a dor
causada pelas suas faltas.
Meu monstro particular
aos poucos
devora-me.
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