terça-feira, 12 de setembro de 2023
The Town, a cidade do Bruninho
The Town, a cidade do Bruninho
Em 1985 eu era
jovem demais para ir ao primeiro Rock in Rio sozinha, ou acompanhada, de acordo
com o que pensavam meus pais. Sendo assim, passei uma boa parte das noites
daquelas férias de verão na frente de uma TV precária na casa da praia, meio
acabrunhada, babando num line up dos sonhos que não se repetiria nunca
mais. Quem viu, viu. Quem não teve tal sorte. So sorry!
Incluindo Queen,
AC/DC, Paralamas, Iron Maden, Al Jarreau, Gilberto Gil, Yes, Blitz, Scorpions,
Ney Matogrosso, Rita Lee, James Taylor, Ozzy Osbourne, e etc e etc e tal,
aquele janeiro foi um marco histórico na música aqui da minha Terra Brasilis e,
desde lá, minha frustração por não ter estado no Rock in Rio foi nutrida apesar
de todos os outros concertos e festivais aos quais fui. Chateei.
Já fui a quase
todos os shows de todas as bandas e cantores que quis. (Faltaram Queen, Cazuza,
Michael Jackson e Bituca para sempre). Como diria o outro, vi de um tudo, do
que gosto demais da conta até o que não gosto nadica de nada. Só pela
companhia. De música clássica a heavy
metal; de Adoniram a Metallica, de estádios e eventos gigantescos ao quintal da
casa de alguém; a música sempre foi uma grande parte da minha vida desde antes
do verão de 85. Amo música e ir a concertos até hoje. Tem música, quero estar
lá.
Sendo assim,
quando o The Town foi anunciado para cá ir era algo mandatório, não? Sim! E fui.
E foi uma decepção gigantesca; do tamanho da estrutura montada. Ok, havia muita
gente, aliás, gente demais. Havia brinquedos, ok, mas se os brinquedos fossem
assim tão importantes eu iria a um parque de diversão. Havia palcos gigantes,
ok, tamanho nunca foi documento e essa é uma realidade que não será mudada. Certo?
Havia música,
ok, contudo, exatamente nesse quesito tão fundamental para um festival de
música, faltou qualidade. Faltou qualidade do som produzido tanto por um line
up um tanto fracola, (Luísa Sonza, Alok, Bebe Rexha... mano, juntando tudo ninguém
chegava ao pezinho da Ivete. E olha que eu nem gosto de Axé Music. Aliás,
faltou Ivete, né?) quanto pela qualidade do som ouvido. Vocais estourados, som
com defeitos claros até para mim que sou leiga. Jesus, pensei, logo de cara,
será um sacrifício ficar aqui até o final da noite.
Foi então,
quando tudo parecia perdido; uma noite desperdiçada, que ele, o Rei Mars,
adentrou ao palco. Ouvi anjos e arpas. Obrigada meu Deus; obrigada! E vale
mesmo usar o nome de Deus aqui pois que o Bruninho foi divino. Genial! Som
perfeito, ele cantava e muito bem! Nada do playback triste das meninas que o
antecederam e Alok nem canta, né? Obrigada Deus. Todos os músicos perfeitos.
Bruno Mars canta muito, toca muito e tem uma presença de palco e um domínio do
espetáculo maestrais. Genio! Mars
dança, a banda dança e faz música boa – com conteúdo e relevância histórica, cheio
de referências e conhecimento, bebendo em fontes de qualidade. Long live the
King Mars!
Fiquei feliz,
apesar dos pesares, valeu a pena. Matei minha vontade dos grandes festivais,
quiçá para sempre. E Mr. Mars pode contar comigo sempre que vier ao Brasil. Não
sou lá sua grande fã, como a plateia no último 03 de setembro que cantava tudo
direitinho: #orgulho do inglês da galerinha, porém, se Bruninho vier ao Brasil,
eu vou porque, guardando as devidas proporções, ele é mesmo o novo Rei do Pop. The
Town foi a cidade do Bruninho e ponto final.