quinta-feira, 22 de agosto de 2024
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Chico
80 anos do moço poeta de olhos de mar lúcido
onde tantas vezes na vida mergulhamos
músico
escritor
voz pouca que representa a minha pátria como nínguem mais
autor
amor
paixão para mais de uma vida
que se canta mulher
que se canta homem
que nos encanta
Chico de tão grandioso tornou-se há muito tempo
eterno
terça-feira, 11 de junho de 2024
palavras soltas
A dança
No acanhado jardim dança a orquídea bailarina
ao som da brisa
sob as vistas distraídas de passarinhos
abelhas,
e
a solitária borboleta
que do bailado
dela pouco compreendem
Em silêncio e de par com a alta goiabeira
lança-se ao ar a flor em piruetas
suavemente amarelas
Graças
De graça, sem intenções outras que divertir-me,
ando a rir das minhas (des)graças
apenas por graça
disfarçando por de trás das risadas
a aguda e abusada graciosa pontada de dor
que me acompanha nesta vida
sem graça
terça-feira, 30 de abril de 2024
silêncio
silêncio
branco e opaco
névoa que recobre e paira leve sobre o oceano
sigo o meu caminho por mim apenas conhecido
só
sem pressa nem drama
sem tramas do destino que já não me interessam mais
apenas ser
me toca
contudo, se me perguntarem o que desejaria ver antes d'aqui
partir
desejo
ver o verde
ver-te
no verde dos teus olhos onde um dia me vi
e enxerguei quem sou
quem fui
quinta-feira, 21 de março de 2024
A borboleta
A
borboleta
Tudo tem começo
Meio
e FIM
E o que pode parecer crueldade divina
dura sina
nada mais é do que a sabedoria da natureza
em sua primazia
Metamorfose nada kafkiana que nos ensina a beleza da
transformação
por si só
Só assim, serei sempre eu mesma
posto que quando não me reconheço mais
sei quem realmente sou
essencialmente
segunda-feira, 18 de março de 2024
sábado, 24 de fevereiro de 2024
313
Residente a
lo grande como es de su costumbre con sus letras de canciones que reflejan no sólo
sus pensamientos y sentimientos, pero lo que nos pasa a nosotros por la cabeza en
momentos en los cuales reflejamos acerca de quienes somos. Un alma gigantesca
habita a este tío que trasborda palabras como un río caudaloso. ¡Que ellas
nunca dejen de fluir! ¡Ojalá!
domingo, 4 de fevereiro de 2024
Encontros
Encontros
Estamos sempre
um tanto sozinhos pela vida afora; mesmo que rodeados de muita gente todo santo
dia. Mesmo que em nossa casa várias almas abitem. Mesmo que em dezenas contemos
nossos amigos. A vida deve ser entendida como uma jornada individual; afinal,
vivemos 24 por 7 somente com nós mesmos. E somos, de fato, os únicos responsáveis
pelo nosso destino no final.
Mesmo assim,
mesmo sendo nós mesmos os únicos a culpar pelos caminhos escolhidos e pela
quantidade de gargalhadas que por ele distribuímos. Há gente que faz a vida da
gente mais bonita. Há alguns encontros que parecem durar uma vida e meia. Gente
que chega à nossa casa para ficar, que parece ter vindo de algum lugar já
conhecido pela nossa alma; e lá está: os amamos. Tem gente que faz parte da
gente para sempre.
Gosto de estar
sozinha, tanto quanto gosto de estar com gente; de encontrar com gente. Gente que
vem para me mudar. Gente que me faz rir sem parar. Gente que, às vezes, me irrita.
Gente que nem consigo classificar bem como gente em alguns momentos. Gente
cheia de dedos e gente muito indecente. Gente que me entende, gente que eu não
consigo entender completamente.
E assim sigo,
seguimos, numa vida solitária cheia de muita gente; entre encontros únicos e multiplos.
quinta-feira, 18 de janeiro de 2024
Existência
Existência
Sonho ser árvore
frondosa de vários verdes
com suas raízes aéreas a respirar
a poderosa brisa do mar
que sobe o paredão da serra
sem pressa
raízes com asas
para eu estar no chão presa apenas em parte
serei árvore voadora
para vez ou outra acompanhar os pássaros que em meus galhos,
apaixonados pela vida,
seus ninhos fazem
e partem
Quero ser árvore florida no meio da mata
admirada de longe e
inatingível
na secreta existência tranquila
de quem não precisa mais de palavras
para falar
domingo, 7 de janeiro de 2024
O Amigo Tempo
O Amigo Tempo
Com o tempo tudo
passa. Já ouvimos alguém a dizê-lo tantas vezes por aí para os outros e para
nós mesmos. Dê tempo ao tempo; dizem os mais velhos. Posso já incluir-me nessa categoria
de gente? Os mais velhos. Talvez sim. Sinto-me no meio do caminho, ainda curiosa
para saber como será o restante da jornada e certa de que toda mudança é boa. Mesmo
aquelas que de cara nos assustam muito.
O tempo tudo
cura, dizia minha mãe. O tempo parece passar mais veloz desde que Mima virou estrela. Curioso isso. E parece que já faz um tempão desde nossa última
conversa. Sinto tantas saudades enormes dela. Saudades do tamanho das Cordilheiras.
É, o tempo nos dá muita coisa, mas temos que entender que o tempo das outras
pessoas e de tudo que é vivo não é eterno. Cada ser tem o seu tempo único e
especial. Nos resta aceitar.
Quanto tempo tem
o tempo que é meu? Me pergunto sempre. Não por medo; não. Meus medos o tempo de
vida que tenho já se encarregou de levar. (Tirando o irracional medo às baratas
que tenho. Só de pensar o corpo se treme. uuuhhgg). Contudo, fica a dúvida se terei
tempo para ver e fazer tudo o que gostaria. Aprender a tocar um instrumento, falar
uma nova língua, viver um tempo num lugar completamente diferente do meu, ver
meus miúdos todos crescidos e florescendo felizes... Sei que coisas novas virão
por aí, logo a dobrar a esquina, e isso me alegra.
Na mitologia,
Chronos, deus do tempo, devorava aos seus filhos para que nenhum deles tomasse
seu trono. No nosso caso, no meu caso pelo menos, sinto que somos nós que
devoramos o nosso deus-tempo, ávidos por toda a vida que ele nos traz
diariamente.
Meu amigo tempo,
peço apenas que se demore um pouco por aqui ao meu lado; sem muita pressa e
pronto para muita conversa regada a vinho ou café. Afinal, temos, mais uma vez, um ano novinho em folha para juntos saborearmos.