Há muito tempo não assisto a nenhuma novela brasileira porque, além de ter pouco tempo disponível para a televisão, as mesmas têm se mostrado uma ofensa a inteligência daqueles que gostam de uma boa trama. Contudo, parece-me que Insensato Coração, da Rede Globo, presta um grande serviço a nossa sociedade ao discutir e mostrar a realidade de homens e mulheres homossexuais em nosso país. Isso porque muitos homens, de acordo com o que tenho ouvido da boca dos mesmos, têm se sentido “incomodados” e reprovam a “exaltação gay” que mostra a tal novela. Apregoando, ingenuamente (para não levarmos a discussão para um âmbito mais complexo e complicado), que tal exposição pode influenciar seus filhos.
Em tempos onde a “intteligenzia política” desta cidade saiu-se com a grande idéia de criar um Dia do Orgulho Hetero (melhor não comentar e agora é só esperar alguém vir com a grande idéia do Dia do Orgulho Branco), e que pai e filho foram espancados por outros homens no interior de São Paulo porque estavam abraçados e foram, então, confundidos com homossexuais, parece-me mais do que necessário a exposição da questão na mídia e a discussão clara e franca sobre o assunto. Pois, para mim, parece que ainda não conseguimos ensinar a nossos filhos que todo homem ou mulher, independentemente de qualquer fato, opinião, gosto ou fato, deve ser respeitado em sua individualidade e como parte integrante de nossa comunidade.
Parece-me, também, que há quem ainda não tenha entendido que estes tais dias destinados as ditas minorias são necessários apenas enquanto não há igualdade ou há a discriminação de um determinado grupo de pessoas. Ou será que alguém acredita que qualquer pessoa tenha orgulho do fato de necessitar de um dia no ano para que ele grite que é um ser humano com seus direitos e deveres como qualquer outro também? Creio que não, porque para mim este é um claro sinal de que não me pertencem totalmente todos os outros dias do ano, e isso, não aceitarei jamais.
Sei que a violência é fruto da incompreensão, filha do irracional, e que anda de mãos dadas com o medo que temos de nossos próprios medos, contudo, mesmo assim, custa-me entender a seguinte questão: desde quando o amor é feio e incomoda? O que leva alguém a agredir física ou verbalmente outra pessoa por causa dos sentimentos que esta carrega no peito? Felizmente ou infelizmente, não sei bem, ser alvo da violência gratuita não é um problema apenas para os homossexuais, mas para quase todos nós e, para tanto, basta pisar um pouco fora do círculo que demarca o que a sociedade chama de padrão.
Pois bem, precisamos entender, de uma vez por todas, que não existe este tão sonhado padrão e aprender que devemos sim ensinar e mostrar a nossas crianças todas as possibilidades que existem nesta vida que, seja como for, sempre será boa se houver respeito e amor entre as pessoas. Então, que venham muitos programas a mostrar que as diferenças não são um problema, mas sim a fonte para muito aprendizado e crescimento das almas deste planeta. Já disse isso uma ou duas vezes, mas creio que vale repetir: ou compreendemos que este nosso mundo de Deus é de todos ou ele não será de ninguém. E a isso chamamos de inclusão social de todos, não?
Um beijo inesperado (o segundo esta semana) a todos porque ando tagarela, e porque beijo nunca é demais. Um beijo especial para o pai e o filho que sofreram as terríveis agressões em julho passado em São Paulo. Não os conheço, mas também desconheço dor maior para um pai e um filho do que serem agredidos brutalmente ao mesmo tempo e, não poderem defender um dos homens de sua vida. Dor que se sente muito mais na alma do que na carne.
Confundidos com casal gay, pai e filho são agredidos no interior de SP; homem perdeu parte da orelha
A Polícia Civil de São João da Boa Vista (SP) investiga a agressão contra dois homens, pai e filho, que teriam sido confundidos por criminosos com um casal gay. O caso ocorreu no fim de semana, durante uma feira agropecuária da cidade. O homem de 42 anos perdeu boa parte da orelha direita. O rapaz de 18 anos foi encaminhado ao hospital, mas já foi liberado.
Segundo a polícia, os dois estavam abraçados quando integrantes de um grupo de sete jovens perguntaram se eles eram gays. Diante da negativa, o grupo saiu, mas retornou e começou a espancá-los. Os agressores ainda não foram identificados.
A organização da feira informou que vai colaborar com as investigações e que, no momento em que ela ocorreu, pelo menos 150 seguranças e policiais militares patrulhavam o evento.
Fonte: Uol Notícias
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