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Selton Mello e Paulo José em O Palhaço |
Habituamo-nos tanto a falarmos das coisas erradas que temos aqui no Brasil que, vez ou outra, vale à pena pisar no freio e falar um pouco sobre o que temos de bom; sobre o nosso melhor. Vamos a ele então? Bem, neste último domingo fui ao cinema para ver O Palhaço, filme dirigido, estrelado e com roteiro co-escrito por Selton Mello. Sim, que o rapaz está a pensar-se um Woody Allen, um Almodóvar ou coisa que o valha, tão amplo que se mostra na película. Mas a verdade é que o filme, de, por e para os brasileiros, é mais do que bom, ele é uma sensível obra poética do princípio ao final.
Desta feita, com uma declaração assim, meus amigos devem estar a pensar: Olha que este deve ser mesmo o maior feito brasileiro na sétima arte nos últimos tempos e etc. e tal, não? Bem, lembrem apenas que sou eu a dizer-lo e, vai daí que meu gosto e desgosto devem ser levados em consideração para que vocês evitem uma decepção das grandes depois de assistir o tal filme e pensar: o que foi que ela viu aqui?

Em meio a todos estes silêncios e a figura do palhaço tão melancólico e perdido, um solitário Benjamin remete-nos a Carlitos, o Carlos Chaplin que, tão palhaço como ele, foi um gênio na arte de mostrar-nos uma enchente de sentimentos e sensações sem precisar de uma única palavra sequer. E, tal como nos filmes de Carlitos, os olhos em O Palhaço são marcantes e nos contam contos muito para além do que dão conta as palavras.
Por isso, não esperem deste filme momentos grandiloqüentes e dramáticos ou muita ação, não. Há nele o drama, a graça, o estranhamento e a beleza, contudo, isso tudo nos é dado de forma delicada e simples e, justamente neste fato é que reside toda sua genialidade: o belo que há na simplicidade, basta-nos termos olhos e coração bem abertos para ver.
Este é sim um convite para o cinema. Bom filme meus amigos!
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Paulo José no filme O Palhaço |
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