sexta-feira, 31 de julho de 2015

Amores...

Uma vida mais divertida, bonita e cheia de ombros pra eu chorar quando preciso... Amigos.




by Things we forget

terça-feira, 28 de julho de 2015

Imóvel




Imóvel


Jaz imóvel, frio, no solo empoeirado e escuro
o amor.
Embalsamei-o na esperança de que assim pudesse,
tal o rei Pedro, ignorar seu final.
Menti para mim mesma e esqueci-me da lógica,
dando asas à poesia e fazendo dela minha guia
por um mundo de fadas,
                 borboletas, anjos e flores
 onde um beija-flor se instalava,
tranqüilo, em minhas mãos no final de uma
tarde morna.
Piamente, esperei por anos que, de repente, o morto amor
abrisse mais uma vez seus olhos de ressaca e me sorrisse.
Mas eles não se abriram.
E finalmente, e mesmo que ainda crente,
numa tarde de outono deitada ao lado do meu morto amor
sem poder sentir seu cheiro,
seu gosto,
 e sua cor, chorei pelo resto dos dias
a morte fatal do amor
                                      (que nunca existiu)
da minha vida.

domingo, 26 de julho de 2015

Onde está o fundo do poço?



Onde está o fundo do poço?

Estamos a olhar para baixo e nada de enxergar o fundo do poço que os brasileiros, como uma nação, por displicência, preguiça ou má fé profunda andam a cavar há alguns anos. Hoje, já não nos vemos mais como um país do futuro, mas como um país de futuro incerto. Uma nação onde a noção de certo e errado ganha contornos flexíveis demais, tal ginasta russa, dando vida ao nosso “jeitinho brasileiro” que inviabiliza uma boa vida para todos nós.

Somos um país burocrático e corrupto, violento e injusto, uma nação que desdenha da educação e idolatra o que não tem valor algum. Somos fúteis e superficiais, em nossa grande maioria, com nossa pantomima latina do jeito norte-americano de ser; imitação barata “made in China” que nos chega via Paraguay e, hoje em dia, é comercializada por milhares de coreanos que são os novos sírio-libaneses do século 21. Somos uma imitação de nação.

Portanto, não chega a causar completo estranhamento que falte conteúdo na política brasileira, e que sobre a ganância naqueles que deveriam gerenciar bem as riquezas da nação. Os que deveriam fazer deste país um lugar onde a qualquer um gostaria de viver, enriquecem a si mesmo e nos devoram, tal vermes, por dentro. Afinal, nossos políticos são em grande parte o reflexo de quem somos nós, talvez não reflitam a cada um de nós individualmente, é certo. Contudo, não há como rechaçar a máxima que nos diz que os governantes sempre serão, em grande medida, um reflexo daqueles que são por eles governados. Assim somos nós e nossa omissão leviana e acomodada, nossa moralidade de extrema flexibilidade cobra-nos seus juros, certamente.

Ajudamos a cavar o poço onde nos encontramos por omissão, porque somos politicamente apáticos e displicentes, e agora nos deparamos com um buraco que parece não ter fim; nossa terrível criação nos engoliu. Contudo, e mesmo que todo o sangue brasileiro fosse mesmo feito de sangue de barata, seria impossível suportar aos absurdos que vemos e ouvimos diariamente e, por fim, nos irritamos. Finalmente, estamos incomodados e à beira de sair pelas ruas mais uma vez para gritar que este país terá que mudar.

A mudança será demorada, difícil, porém, certamente, virá porque não há mais como aceitar o país no qual vivemos hoje. Tem sido difícil assimilarmos as cifras perdidas para a corrupção e, ao mesmo tempo, vivermos em cidades sem segurança, saúde e educação. Tem sido extremamente complicado suportarmos aos Senhores de Brasília, os ofendidos Collor de Mello e Eduardo Cunha entre outros, clamando, donos de suas deslavadas caras de pau, por justiça e democracia por terem sido citados no processo da Lava-Jatos como chefes de quadrilha. Tem sido doloroso assistirmos à Senhora Presidente, ao seu partido e seus aliados, a comandar nosso país e sua economia de maneira ineficiente, equivocada, e em benefício próprio e nada mais.


E como já corre à boca pequena em Terra Brasilis, neste país não há mais partidos políticos, mas sim, quadrilhas organizadas e oficiais. Em 1904 o cronista americano O. Henry (William Sydney Porter) criou o termo "República das Bananas" referindo-se a Honduras, e que descrevia os governos latinos corruptos e autoritários. Termo antigo que nos ofende muito, e que anda a ecoar por muitos países latino-americanos, como nós, por estes dias.  

terça-feira, 21 de julho de 2015

Novas conversas de bar



Novas conversas de bar


Egoístas passivos omissos evasivos fúteis desonestos...

Mudaram muito os adjetivos por nós utilizados para,

em conversar de botequim,

explicarmos quem somos nós. Já fomos gentis e sorridentes

numa nação onde brotava boa música e onde, feito brincadeira,

nos divertíamos jogando futebol. Já fomos crianças.

Mas todos os sorrisos andam a ser substituídos por violentas carrancas

alucinadas, vorazes,

violentas e descomunais.

Seres sedentos por dinheiro e por poder que nada sabem para além

de saber que eles devem, a qualquer custo,

feito insetos programados antes de nascer,

construir suas montanhas sujas de dinheiro inútil

que nunca serão por eles,

em sua totalidade,

 vistas; apreciadas.

Solitárias montanhas cinzentas por nós construídas e que aqui estarão,

monumentais,

quando nós já não estivermos mais.



quinta-feira, 16 de julho de 2015

A Aranha


A  Aranha


Atrás da porta branca no meu banheiro

vive uma aranha

pequena e marrom.

Não percebo motivos para não deixá-la ali

e para ela olho enquanto penso nos dias

mais cinzentos.

Talvez não seja a mesma aranha

desde a primeira vez que a vi há tempos.

Talvez não.

E tenho certeza de que a pequena aranha marrom,

se ela pudesse,

a mim me diria que já eu também não sou

a mesma

desde a primeira vez que me viu e se pôs a pensar

em seus dias cinzentos

como hoje.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Somos Sur (Ana Tijoux)



SOMOS SUR

Tu nos dices que debemos sentarnos,
pero las ideas solo pueden levantarnos
caminar, recorrer, no rendirse ni retroceder,
ver, aprender como esponja absorbe
nadie sobra, todos faltan, todos suman
todos para todos, todo para nosotros.
Soñamos en grande que se caiga el imperio,
lo gritamos alto, no queda mas remedio
esto no es utopía, es alegre rebeldía
del baile de los que sobran, de la danza tuya y mía,
levantarnos para decir "ya basta"
Ni África, ni América Latina se subasta,
con barro, con casco, con lápiz, zapatear el fiasco
provocar un social terremoto en este charco.
Todos los callados (todos),
Todos los omitidos (todos),
Todos los invisibles (todos),
Todos, to, to, todos,
Todos, to, to, todos
Nigeria, Bolivia, Chile, Angola, Puerto Rico y Tunisia, Argelia,
Venezuela, Guatemala, Nicaragua, Mozambique, Costa Rica, Camerún, Congo, Cuba, Somalía, México, República Dominicana, Tanzania, fuera yanquis de América latina, franceses, ingleses y holandeses, yo te quiero libre Palestina.

(Parte Rapeada por Shadia Mansour)

Todos los callados (todos),
Todos los omitidos (todos),
Todos los invisibles (todos),
Todos, to, to, todos,
Todos, to, to, todos
Saqueo, pisoteo, colonización, Matias Catrileo, Gualmapu
Mil veces venceremos, del cielo al suelo, y del suelo al cielo
vamos, sa, sa, sa, sa, sa, sa, sa, saltando.
Caballito Blanco, vuelve pa' tu pueblo, no te tenemos miedo
tenemos vida y fuego, fuego nuestras manos, fuego nuestros ojos,
tenemos tanta vida, y hasta fuerza color rojo.
La niña María no quiere tu castigo, se va a liberar con el suelo Palestino,
Somos Africanos, Latinoamericanos, somos este sur y juntamos nuestras manos.
Todos los callados (todos),
Todos los omitidos (todos),
Todos los invisibles (todos),
Todos, to, to, todos,
Todos, to, to, todos 


terça-feira, 14 de julho de 2015

Asas



Asas


Queria ter asas e ser dona de meus voos

para bater-las sempre que a vontade chegasse.

Livre,

eu cruzaria o oceano Atlântico apenas para ver o verde dos olhos tristes

do meu menino

e, como os anjos apaixonados e caídos, sentar-me-ia em sua janela calada; quieta.

Se eu tivesse asas, feito passarinho,

atravessaria o meu país todos os dias para rever  os amores mais antigos

e migraria para o sul para rever meu ninho,

que é lugar que emana calor mesmo no inverno; 

onde eu jamais sinto frio.

Se eu tivesse asas eu não teria parada,

e as abriria pequenas e imensas nas correntes de ar quente para planar

sem pensamentos; e pelo céu absorta.

Mergulharia nas nuvens em tons de rosa dos finais de tarde

para sentir no meu rosto toda a leveza do seu existir tênue e perene,

e me lembraria o quão pequena sou vendo o mundo, sem fim,

desde o azul.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

O Devorador de Homens



O Devorador de Homens


E, de repente, alguém me reencontra (graças às modernidades tecnológicas que usamos para fazermos propaganda de nós mesmos) depois de muito tempo. “Faz uns 20 anos!”, diz uma ex-aluna. E eu sinto que um trilhão de novos cabelos brancos brotou de uma só vez na minha cabeça. Zaz! Pensei num palavrão; na verdade eu o disse mesmo, contudo, aqui, vamos manter a compostura e abusar dos eufemismos: Caramba! Pois, e não é que é?! Como tanto tempo pode ter passado sem que eu me desse conta da enormidade do tempo contado em anos; 20. Imagina se pensarmos em meses, dias, horas! Dá-nos mesmo a tal vontade de sair correndo. Quem sabe se correndo muito conseguimos fugir do tempo, não? Não.

Não há como escapar do glutão Sr. Cronos que nos devorará a todos nós no final das contas, fato. Nem mesmo Usain Bolt, pilhado por qualquer substância química sonhada, conseguiria fugir do tempo e, portanto, nem adianta mexer um pé em qualquer direção. Fazer o quê?  Bom, por sorte, sempre podemos, infamemente, citar a Einstein para nos lembrarmos de que o Tempo é relativo. E ele é relativo mesmo, não é?! É! Exemplo - Tenho certeza que há uma grande diferença entre o misterioso número que marca minha idade nos documentos oficiais e a idade que minha cabeça pensa ter. Sei que o tal número é reforçado vez ou outra pelas dores que sinto e por um cansaço que não sei de onde vem, porém, a alma e o espírito continuam meninos. Por isso, faz-se mandatória uma média aritmética para acabarmos com a discussão; certo? Afinal, o meio-termo será sempre uma boa solução para apaziguarmos perrengues, querelas e afins.

E para aqueles que ainda não chegaram lá, os que não dobraram o “Cabo das Tormentas humano”, os 40, e que devem achar ridículo tal subterfúgio. Vale avisar que apesar de notarmos as novas rugas e as demais mazelas do tempo “todo-santo-dia”, a verdade é que jamais sentimos que temos a tal idade que temos veramente. Mesmo que por fora os números gritem, dentro da gente grita a alma também; e ela sempre grita que ainda há muito a fazer. Seremos sempre, numa bela farsa poética, meninos fingindo que já somos tão responsáveis como eram aos nossos olhos os nossos pais.

Apesar de eu não gostar nada da tal idéia de ficar velha, e de não ter certeza se n’algum dia aceitarei a tal idade, (Deus, como isso é difícil para as meninas! - para esta menina.). Gosto muito de ver a passagem do tempo já que com ela vejo a vida a fazer-se. Por estes dias ando a ver meus filhotes mais velhos às voltas com seus primeiros amores e suas questões adolescentes num mundo recém descoberto por eles. Vejo meus afilhados a abandonar a primeira infância e a ganhar uma racionalização, uma lógica, que parece chegar muito cedo; e meu colo já sente saudades deles. Assisto de camarote ao nascimento de meus sobrinhos pequeninos ao mesmo tempo em que tenho a oportunidade de ser um pouquinho mãe dos meus pais todas as vezes que cuido um pouco deles. Hoje, posso contar o tempo de minhas amizades em décadas e isso, tudo isso, é bom demais. Então, mesmo que meio a contragosto, seja bem-vindo nosso devorador de homens!