A Paixão Eterna
No dia 13 de
Outubro de 1977 o Sport Club Corinthians Paulista conquistava o Campeonato
Paulista depois de 23 anos sem fazê-lo. Os 23 anos de um jejum que ajudaram a
construir a mítica crença futebolística de que ser corintiano é ser um
sofredor por natureza. Pois, assim o é. É e orgulho-me, incondicionalmente, de
pertencer a esta nação apaixonada e sofredora. Sou, antes de brasileira,
corintiana.
Não tenho nenhuma recordação desta partida, de
nenhuma das três partidas épicas disputadas entre o Corinthians e a Associação
Atlética Ponte Preta em 77 porque eu era criança demais para tais lembranças e
para compreender o que acontecia naqueles dias. Lembro-me, crescendo numa
família corintiana, apenas de achar curioso o fato de haver gente que torcia
por outro time. Àquela época eu não compreendia como alguém podia não ver que não havia time de futebol como o meu. Afinal, éramos o Timão!
Fato é que se
tivesse ciência sobre a vida à época eu teria chorado, vergonhosamente, numa
explosão de alegria infinita tal como o fiz nas conquistas da Taça Libertadores
da América e do Campeonato Mundial em 2012. E como não fiz nas conquistas das
Copas do Mundo de 94 e 2002 pela seleção. Pois, apesar de adorar ao futebol e vibrar com as conquistas
brasileiras, não as sinto n'alma da mesma maneira. Minha paixão pertence apenas a
uma bandeira. Minha paixão é alvinegra, e existe pelo Corinthians exclusivamente.
Quarenta anos
depois o mundo é outro, verdade, e o antes Paulistão agora é chamado de
Paulistinha. Campeonato visto, num mundo globalizado e muito mais amplo, como
uma competição menor, confusa e sem valor. Bom, o tal campeonato pode não valer
muito para os outros seres humanos, contudo, para corintianos e pontepretanos
não haverá jogos mais importantes neste ano do que esses dois que nos aguardam. Não senhor!
Por isso, hoje,
início de mais uma decisão de campeonato pelo Corinthians, pouco importa para
mim a Taça que será erguida. Importa-me, apenas, o fato de que meu time está
nessa disputa. Importa-me sentir e ver a beleza poética de quarenta anos
depois, mais uma vez, ter a Macaca como minha oponente num momento delicado do
meu Coringão. Importa-me, apesar de todos os problemas, que no final tenhamos a
vitória. Importa-me ser campeã mais uma vez e gritar feito maluca, parva e meio
idiota a plenos pulmões – Vai Corinthians!