A não-defesa de William Waack
William Waack, um jornalista com
profundos conhecimentos sociológicos e econômicos, é um inteligente homem de 65
anos com décadas de experiência na profissão. Podemos concordar ou não com seus
pontos de vista político-econômicos, contudo, não há como negar que ele é um
profundo conhecedor dos assuntos pelo qual versa e, via de regra, uma opinião a
ser ouvida. Eu gosto de ouvir suas análises políticas e econômicas sobre nosso
país, América Latina, Rússia, sobre os EUA e outros; mesmo que nem sempre
concorde com o que ele diz.
Bem, gostava de ouvi-lo até seu
afastamento da TV. O Sr. Waack foi afastado por ter feito, sem saber que estava
sendo gravado, um comentário de intenção jocosa, verdadeiramente de mau gosto,
e um tanto racista. Pois, ele cometeu um erro. Vale deixar claro aqui, antes de
continuar, que não haverá nem um ataque ao dito jornalista, nem tão pouco uma
eloquente defesa de sua figura. Mas sim e apenas uma reflexão sobre o fato em
si, sem paixões e ou radicalismos.
Parêntesis: (Não gosto do
radicalismo assumido pelo pensamento brasileiro, seja ele de esquerda e ou de
direita; como, aliás, não acredito mais haver algo que possamos chamar de
esquerda e ou direita na política. Para mim há interesses econômico-financeiros
e a busca do poder e ponto.).
Bom, sendo mulher, desde sempre eu
soube que vivia num mundo que não era completamente meu. O mundo, não obstante
todas as mudanças e conquistas das ditas minorias, ainda pertence aos homens heterossexuais,
brancos e com dinheiro. Uma parte cada vez menor da população mundial é a nossa
dita maioria, não? Ou seja, estamos caminhando para uma sociedade muito
distinta daquela que hoje temos, não há dúvidas, mas ainda há muito que andar. E
sim, ainda temos que fincar o pé em alguns momentos e lutar por uma realidade
mais igualitária para todos nós. Porém, a polarização de opiniões e as ações
radicais são mais nocivas do que qualquer outra coisa.
Eu, particularmente, fiquei
decepcionada com a tal “piadinha” preconceituosa do Sr. Waack porque não espero
algo assim de pessoas inteligentes; pelo menos não das verdadeiramente inteligentes.
Contudo, apesar de saber que ele está errado e que não devemos diminuir em
demasia a importância do ato, também sei que comentários do gênero sobre
mulheres, gays, pobres, velhos, negros, sobre os filhinhos de papai, os gordos,
sobre as pessoas feias, ou seja, sobre todo e qualquer tipo de pessoa podem ser
ditos por todos nós. Somos, todos nós, seres cheios de defeitos, e esperar a
perfeição de qualquer um será sempre um erro.
Portanto, apesar de não gostar do
que ouvi de William Waack e de compreender que como uma figura pública seus
atos reverberam de forma mais ampla, também não acho correto crucificá-lo. Compreendo
porque a empresa resolveu afastá-lo durante um tempo já que em tudo isso há a
necessidade da manutenção de uma face politicamente correta da empresa. Mesmo que
a realidade não seja bem assim, afinal, negócios são negócios. No entanto, isso
está muito distante da caça às bruxas que alguns fomentam. Se não achamos
correto que haja as KKKs a acender suas tochas por aí, e não o é obviamente,
não devemos nós acender as nossas também. Devemos?