Sou colorida
Sou brasileira, sendo assim, uma
pessoa colorida por nascença. Por colorido aqui devemos compreender que sou uma
pessoa de cor; cor indefinida e múltipla. Como, aliás, praticamente todo o
brasileiro o é. Afinal somos, quase todos, o resultado de inúmeras misturas de
raças que remontam a tempos já esquecidos; há muito idos. Índios brasileiros,
europeus, africanos e asiáticos formam a origem do que se chama de o povo
brasileiro e, portanto, somos uma raça mestiça desde o berço.
Não, apesar de toda esta mistura,
o Brasil não é um país livre do preconceito racial. Esta não é uma nação
profundamente democrática; não senhor. Isso quer apenas dizer que aqui, via de
regra, fica realmente difícil definir o que vem a ser uma pessoa branca ou negra.
Afinal, há tantas dezenas de matizes e combinações possíveis que entre as
simplistas definições de branco e negro cabe um universo inteiro de
possibilidades. Somos mesmo um povo colorido.
Esta mistura toda, apesar do que
muitas cabecitas parvas pensam sobre a mestiçagem, é sem sombra de dúvida uma
das maiorias riquezas desta nação que nos abriga. Somos, graças a nossa
variedade, aptos a tudo. Somos altos e baixos, muito fortes e delicados, somos
criativos e focados, brincalhões e compenetrados. Sabemos fazer música de todo
o tipo e escrever muito bem. Somos bons nos esportes do futebol ao karate;
sabemos pilotar carro, jogar tênis, voleibol e basquete também. Produzimos de
alimentos a aviões, e nos espalhamos a trabalhar pelo Mundo. Somos, por nossa
diversidade, um povo capacitado para grandes feitos. Entretanto, falta-nos
acreditar nisso.
Como diria Nelson Rodrigues,
temos um danado complexo de vira-latas e não enxergamos o valor de ser o que
somos: uma bela mistura que combina o que há no mundo todo; somos brasileiros. Pois,
falta-nos acreditar e lutar um pouco mais enquanto povo; enquanto nação. E o
problema, a questão, é que o brasileiro ainda se vê como um povo dividido e,
portanto, não luta pelo bem estar de todos como uma nação. Não nos vemos como
uma sociedade única, e ainda acreditamos, um tanto aparvalhados, que conquistar
pequenos privilégios para nós mesmos, mirando apenas o próprio umbigo, seja uma
boa solução. Não o é.
Pois, seria muito bom se todos
nós compreendêssemos que somos todos coloridos, de tons diferentes, cheios de
particularidades e peculiaridades e que isso, exatamente esta falta absurda de
padrão, é que pode fazer de nossa terra, continental em dimensões, verdadeiramente
grande. Ser brasileiro é poder ser completamente diferente de seu irmão e isso
não causar qualquer espanto. Somos todos coloridos.
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