Em Luto
Estamos em luto.
Um luto que já dura um bom tempo. Um luto
que nos habita desde que percebemos que andamos a colecionar tragédias que
repetem-se como um eco do descaso à vida que graça por nossas terras. No Brasil
a vida vale pouco; quase nada. Vale menos do que quaisquer dinheiros, não vale
o cuidado e o zêlo dos responsáveis, não vale muito para aqueles que fazem as
leis. Não vale nada para aqueles que nos governam. Anda a valer pouco para o
cidadão brasileiro que demonstra pouco respeito à vida dos outros cidadãos amiúde.
Hoje, depois de
uma sucessão esquizofrênica de desgraças com a morte de tanta gente; gente que
cuidava da própria vida sem causar mal algum, gente que de tão jovem não podia
ser chamada de gente-grande, perdemos um homem que nos dava voz e que
procurava, à sua maneira, cuidar bem da vida de todo brasileiro. Hoje perdemos
o Sr. Ricardo Eugênio Boechat, um jornalista que nos representava como poucos já
o fizeram na história brasileira.
Entre tantas
mortes que por cá ocorrem todo santo dia, a morte de Boechat nos deixa
melancólicos e nos faz sentir mais solitários. Eram deste senhor as críticas
mais contundentes à políticos, legisladores, empresários, e à todo cidadão que
malversava em suas funções. E, por isso, era também dele a voz que melhor
representava a nossa indignação com o descaso e o desleixo com os quais a vida
por cá tem sido tratada.
Boechat partiu
para tornar-se lenda; um dos melhores brasileiros que conhecemos. E nós... Nós seguimos
em luto por tempo indefinido. Por muito tempo.
Boechat hoje pela manhã em sua última participação na Rádio Bandeirantes.
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