O Paraíso Particular
O paraíso não
existe enquanto localização geográfica real e nunca existiu, a menos que
acreditemos em Adão e Eva e na doce maça. O que não é o meu caso. Entretanto, a
verdade é que podemos criar um paraíso particular e único, vez ou outra, sem
muito esforço. O paraíso, apesar de não existir, pode ser real apesar de
finito. Sim, a felicidade e o tal paraíso são efêmeros como nos ensinaram
Vinícius de Moraes e Antônio Carlos Jobim: “tristeza não tem fim, felicidade
sim”. E, por isso, eles nos são tão caros.
Por volta dos trinta
anos descobri que as crianças são a garantia da sanidade mental de qualquer
adulto. Sim, eles nos enlouquecem porém, e ao mesmo tempo, são aquilo que não
nos deixa de fato enlouquecer. Sendo assim, desde então, fujo para a segurança
dos meus miúdos sempre que posso para com eles, sem muito esforço, compreender
que a vida é bonita e que a felicidade existe sempre. Apenas anda escondida.
Alguns dos
miúdos já cresceram. E de uma coisa tenho certeza: é muito bom vê-los grandes,
gente feita, a tomarem decisões bem longe das nossas asas. Dói, verdade também.
Mas este é um sentimento agridoce que mistura a nossa carência por não os
termos mais grudados na gente e o enorme orgulho que sentimos ao vê-los
caminhando sozinhos. C’est la vie!
Pois, me despedi
de 2019, ano tão difícil, e vi 2020 chegar em grande estilo no meu paraíso: com
Nico e Vitória sem me lembrar de que o mundo existe. Nada de festas, bebidas,
roupas certas e ou quaisquer preocupações. Nada de Donald Trump ou do Seu Jair,
nada de morte ou de guerra, nada de problemas para além de como fazer com que
eles se alimentassem bem e não ficassem doentes. E foram tantas as brincadeiras
e tantas as risadas que ainda agora consigo ouvi-las ecoando dentro de mim; as
risadas que apenas as crianças sabem dar. Elas são o meu paraíso particular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário