domingo, 30 de agosto de 2020
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Se7e
Se7e
Sete
Setenta
Setecentos
Milhares de homens covardes que atiram pelas costas
caminham pelas ruas como se elas a eles pertencessem;
não pertencem
sete
setenta
setecentos
Centenas de milhares de homens covardes que atiram pelas
costas
se acham superiores, semideuses;
não o são
sete
setenta
setecentos
milhões de vezes deveríamos nos perguntar porque deixamos
tão pacificamente
homens covardes com suas armas atirar nas costas da gente.
Talvez seja porque
se diz por aí que eles são a maioria
investidos do direito divino de dar as ordens por todos os
cantos,
por onde caminham os nossos pés
por onde tocam as nossas mãos;
não
sete
setenta
setecentos
e de uma vez por todas
devemos abrir bem os olhos
para ver:
a maioria somos
nós
domingo, 23 de agosto de 2020
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Imbecilidade na Moda
Imbecilidade na Moda
Que sempre houve
os santarrões de plantão no universo é sabido. De dedos em riste e julgando-se
secretários diretos ungidos por Deus, esses senhores e senhoras, de quaisquer
idades e poucas ideias na cachola, desde o princípio dos tempos andam a
espalhar as ideias mais parvas, tortas e preconceituosas que um cristão pode
ouvir em nome da moral e da religião. Verdadeiras heresias intelectuais!
Ou seja, gente
néscia sempre houve e, infelizmente, elas se multiplicam. Importante frisar,
aqui, que a tal imbecilidade a qual me refiro não tem nenhuma relação com a
educação formal e o conhecimento intelectual. O bom senso e a sabedoria não são
uma qualidade pertinente a raça, cor, credo, nível social ou estão relacionados
diretamente aos anos que passamos sentados num banco escolar.
Apesar de eu
ainda não conseguir perceber se a tamanha imbecilidade que temos visto e ouvido
nesse país é algo que se cultiva através dos anos ou se, por azar, é algo nato
a alguns que veem a esse mundo com a total falta de capacidade de raciocinar
feito seres humanos. O que tem me assombrado é o volume grandioso de bobagens
que temos ouvido e a importância desmedida que se dá a essa gente que, de fato,
não tem nada que preste a dizer.
É bem verdade
que a imbecilidade não é um produto nacional e que há gente ignóbil pululando
pelos quatro cantos da Terra, contudo, por cá, elas andam a ter uma influência
para lá de perigosa na vida de todo brasileiro.
Por esses dias,
parece corriqueiro e normal ouvirmos gritos pedindo a volta da ditadura
militar. (Haja paciência para tolerar tamanha aberração. Afinal, como
compreender que alguém em sã consciência possa proferir uma bobagem como essa?)
Vermos ministro da educação a tentar acabar com as universidades públicas,
afinal o pensamento crítico é nocivo. Encontrarmos na rua quem creia piamente
que na vida política brasileira existem dois lados bem definidos e uma luta do
bem contra o mal à la Cruzada do Século XXI (Haja falta de visão da realidade!)
Há quem creia em
Mitos, e isso não é novo, contudo, e desde de sempre, errado. Não há mitos,
predestinados ou ídolos da mesma forma que não existem príncipes encantados. O
mundo simplesmente não funciona assim. Há interesses e uma necessidade infinita
de mais igualdade social por aqui, isso sim.
Contudo, e
apesar do fato de as imbecilidades estarem na moda por cá, nesse última semana
ultrapassamos o limite do imaginável. Em nome da religião e munidos de uma
hipocrisia nunca dantes vista, houve quem se achasse no direito de blasfemar na
porta de um hospital a chamar de criminosa uma menina de 10 anos, abusada desde
os seis, que faria um aborto.
Não me parece
possível perceber em nome de que Deus essa gente acha que luta. Também me é
difícil não ver que entre o abusador e os tais “santarrões” malucos de plantão
não há uma cruel similaridade. Nenhum deles consegue ver, enxergar de verdade,
na frente deles uma crianças pequena, frágil, confusa e assustada que nunca, em
tempo algum, deveria sofrer com as mazelas próprias do mundo adulto.
O nosso mundo
anda triste demais. Insuportavelmente.
domingo, 16 de agosto de 2020
A vida
A vida
Morri e a certa distância me vejo
plácida
pálida
de olhos fechados e mãos recatadas
a esconder o oco
no peito
Calma e, finalmente, feliz
Vejo, contudo, não me lembro de quando e como
foi-se o coração de dentro de mim
Caiu ao chão sem que eu percebesse depois de um solavanco?
Partiu ele depois de anos sendo usado por mim
sem comiseração?
Morri sem velas e sem choro
sem que ninguém soubesse ou sentisse
sem lamentação
Então, no quarto abafado estamos apenas eu
comigo mesma
observando o passar do tempo pela pele que umedece
escurece
e ganha odores que já não posso mais sentir
Enfim sós,
penso de forma irônica,
apenas por alguns momentos pois,
logo,
de mim brotará a vida em forma de larvas brancas
e de moscas enegrecidas
Morri e de um canto do quarto acanhado
observo