Imbecilidade na Moda
Que sempre houve
os santarrões de plantão no universo é sabido. De dedos em riste e julgando-se
secretários diretos ungidos por Deus, esses senhores e senhoras, de quaisquer
idades e poucas ideias na cachola, desde o princípio dos tempos andam a
espalhar as ideias mais parvas, tortas e preconceituosas que um cristão pode
ouvir em nome da moral e da religião. Verdadeiras heresias intelectuais!
Ou seja, gente
néscia sempre houve e, infelizmente, elas se multiplicam. Importante frisar,
aqui, que a tal imbecilidade a qual me refiro não tem nenhuma relação com a
educação formal e o conhecimento intelectual. O bom senso e a sabedoria não são
uma qualidade pertinente a raça, cor, credo, nível social ou estão relacionados
diretamente aos anos que passamos sentados num banco escolar.
Apesar de eu
ainda não conseguir perceber se a tamanha imbecilidade que temos visto e ouvido
nesse país é algo que se cultiva através dos anos ou se, por azar, é algo nato
a alguns que veem a esse mundo com a total falta de capacidade de raciocinar
feito seres humanos. O que tem me assombrado é o volume grandioso de bobagens
que temos ouvido e a importância desmedida que se dá a essa gente que, de fato,
não tem nada que preste a dizer.
É bem verdade
que a imbecilidade não é um produto nacional e que há gente ignóbil pululando
pelos quatro cantos da Terra, contudo, por cá, elas andam a ter uma influência
para lá de perigosa na vida de todo brasileiro.
Por esses dias,
parece corriqueiro e normal ouvirmos gritos pedindo a volta da ditadura
militar. (Haja paciência para tolerar tamanha aberração. Afinal, como
compreender que alguém em sã consciência possa proferir uma bobagem como essa?)
Vermos ministro da educação a tentar acabar com as universidades públicas,
afinal o pensamento crítico é nocivo. Encontrarmos na rua quem creia piamente
que na vida política brasileira existem dois lados bem definidos e uma luta do
bem contra o mal à la Cruzada do Século XXI (Haja falta de visão da realidade!)
Há quem creia em
Mitos, e isso não é novo, contudo, e desde de sempre, errado. Não há mitos,
predestinados ou ídolos da mesma forma que não existem príncipes encantados. O
mundo simplesmente não funciona assim. Há interesses e uma necessidade infinita
de mais igualdade social por aqui, isso sim.
Contudo, e
apesar do fato de as imbecilidades estarem na moda por cá, nesse última semana
ultrapassamos o limite do imaginável. Em nome da religião e munidos de uma
hipocrisia nunca dantes vista, houve quem se achasse no direito de blasfemar na
porta de um hospital a chamar de criminosa uma menina de 10 anos, abusada desde
os seis, que faria um aborto.
Não me parece
possível perceber em nome de que Deus essa gente acha que luta. Também me é
difícil não ver que entre o abusador e os tais “santarrões” malucos de plantão
não há uma cruel similaridade. Nenhum deles consegue ver, enxergar de verdade,
na frente deles uma crianças pequena, frágil, confusa e assustada que nunca, em
tempo algum, deveria sofrer com as mazelas próprias do mundo adulto.
O nosso mundo
anda triste demais. Insuportavelmente.
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