2021 indiferente
Ano novo, vida
nova! Bom, não foi bem assim nunca, sendo assim, desta vez, com todos os
problemas e questões que a tal Covid-19 nos trouxe, termos entrado num ano novo
não mudou praticamente nada para além de um número diferente para designar em
que ano estamos. Ainda estamos presos numa realidade que parece saída da ficção
onde o contato humano deve ser evitado sempre que possível.
Aqui em Terra
Brasilis estamos a léguas de qualquer solução em meio a questões que
são pertinentes a um país subdesenvolvido governado por homens e mulheres
incompetentes e muito mal intencionados. Ainda não temos a tal vacina para a
população, e não sabemos quando isso ocorrerá já que tudo o que temos são
promessas e muito papo furado. Ação, pouca. O fato é que a nossa incompetência
e a falta de caráter andam em evidência por estes dias.
Eu, talvez como
quase todo mundo, sinto-me um tanto anestesiada e isso me assusta. Ando incapaz
de sentir, como deveria ser, a morte de tanta gente e sem a vontade necessária
para me indignar com o desacato e a incompetência criminosa do meu governo. Sem
saber direito o que fazer, assistindo às pessoas e ao país a serem enterrados, pela
tal Covid, num buraco sem fundo até a cabeça. Apenas observo.
Voltei das
minhas férias, na minha ilha da fantasia particular onde nenhum problema
existia, para a realidade de São Paulo na última segunda-feira. Foram mais de 20
dias a ignorar o Mundo e isso foi muito bom para a minha sanidade mental. Ando
egoísta para além do normal, eu acho. E logo no primeiro dia, a caminho do
trabalho, Deus, ou simplesmente a vida, me fizeram questão de me mostrar que o
Mundo de carne e osso não tem qualquer relação com as minhas férias.
Um senhor,
cadeirante, cadeira de rodas encostada numa árvore na esquina, mendigava
arrastando-se pela rua. Quis tanto ignorá-lo e pensei: Meu Deus, como podemos
ser assim tão indiferentes ao sofrimento de outros seres humanos. Não o
ignorei, contudo não faço quase nada para mudar essa situação. É fato. Pois, o
fato é que temos sido tremendamente indiferentes ao sofrimento alheio e isso
está errado. Quiçá deveríamos todos nós
reaprender o quão duro é sofrer. Estamos a fazer isso? Aprendendo? Quem sabe?
A única certeza
que tenho hoje é a de que o Mundo, como o conhecíamos, não existirá mais depois
de tudo findo. O Brasil não será mais o mesmo país, nós não seremos mais as
mesmas pessoas. Eu não serei mais quem um dia fui.
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