Sem o Gordo
O passar do
tempo é inexorável para todos nós. Como o vento, erode a matéria da qual somos
feitos. Ossos, pele e cabelos tornam-se mais finos e delicados, a carne rareia;
e a impressão é a de que, com o passar dos anos, nos tornamos de papel fino;
delicados. Apesar disso, agrada-me demais ver o tempo passar a aproveitar tudo
o que ele nos traz.
Pode ser que a
matéria sofra mais do que gostaríamos; pode ser. Entretanto, a alma colore-se,
o espirito fortalece-se e o coração amplia-se com o exercício diário que
fazemos para aproveitar o tempo que temos. Se vivemos da maneira correta ganhamos
tanto com o tal passar dos anos que a morte deixa de nos assombrar a partir do
momento que percebemos que a vida foi boa e, singelamente, grandiosa.
Entretanto, e
apesar de reconhecer a quão importante e significativa foi a vida do senhor
José Eugênio Soares para todo brasileiro, não nos foi fácil aceitar que aos 84
anos Jô Soares já tinha cumprido mui honradamente seu tempo por aqui e que já
era hora dele partir.
Imagino que para
ele não restava qualquer medo da morte. Jô produziu muito durante sua vida e
com orgulho devido, deveria já há algum tempo estar ciente de que a missão a
qual ele se destinou nessa vida fora cumprida com excelência ímpar. Jô foi grande,
muito maior do que o seu tamanho amplo que bem o representou. Inteligente,
engraçado, talentoso. Bom, muito bom em tudo o que fazia; fez-nos rir e pensar.
Jô era gordo e genial.
Nos fará falta,
a todos nós. Mesmo que ele estivesse mais ausente nos últimos anos, tê-lo por
cá era uma garantia de que, apesar dos pesares, ainda havia vida criativa e
inteligente entre nós em Terra Brasilis. Em tempos nos quais a estupidez tem
nos parecido mais abundante e poderosa do que o normal, não ter mais Jô Soares
dói mais.
Beijo gordo para
ti, nosso único Gordo.
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