De ponta Cabeça
Sempre me questionei
se somos capazes de perceber o momento no qual o Mundo vira de pernas para o ar
e que tudo se transforma. De um repente, a vida não é mais como costumava ser, apesar
de nossos esforços para que uma parca imitação da realidade conhecida seja
percebida; e nos perdemos. À la Stranger Things, nos vemos num Upside Down World
um tanto mais complexo e sombrio do que a perfeição ensolarada e feliz a qual
sempre sonhávamos ter.
A verdade é que
somos sim completamente capazes de perceber, à distância e com grande
antecedência, que a tempestade se forma para além das montanhas; no meio do
mar. Sabemos. Sentimos o cheiro da chuva no ar e o vento frio que nos
surpreende. Vemos o horizonte nublado e a precipitação que desmaia suas águas
sobre a superfície a encharcar a terra. Entretanto, completamente cientes de
que o desastre se aproxima, negamo-lo como se assim pudéssemos evita-lo. Não
podemos.
Há tempos
percebo o solo escorregadio sobre o qual me esforço com unhas e dentes para não
derrapar. E luto; lutamos. E minto para mim mesma; mentimos, fingindo acreditar
que tudo voltará a ser como antes: Momentum ad Infinitum. Apesar de perceber lá
no fundo da cachola que já sabemos que o escorregão, inexoravelmente, se
aproxima. Caímos.
É verdade que
levantar-se é apenas uma questão de tempo e que acontecerá cedo ou tarde. (Esperamos
que mais cedo do que tarde). Temos que ser fortes. E somos fortes. Somos fortes
e grandes porque apesar da rasteira não estamos sozinhos.
Meu anjo da
guarda monta plantão 24 por 7 e as mãos amigas aparecem de onde menos se
espera. Sempre foi assim. Assim está a ser novamente.
Anjo, desde já
prometo, que da próxima vez, venho eu a te guardar para assim retribuir o que muitos
chamam de sorte. E que eu chamo de trabalho árduo, muita crença na nossa
capacidade e a certeza de que sempre há muitos braços a nos amparar.
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