Entender a alma humana é algo realmente difícil, quiçá impossível mesmo, já que nós próprios não entendemos completamente o famigerado espírito que nos habita. O que passa dentro de nós, sob nossa pele, debaixo de carne, músculos e ossos, muitas vezes foge ao que acreditamos ser certo e lógico; foge daquilo que esperamos de qualquer pessoa e, mais ainda, de nós mesmos. Parecemos parvos aos nossos olhos ao ver que, apesar de tudo o que sabemos depois de tanto visto e aprendido nesta vida, ainda somos tão capazes de atos e sentimentos pueris. Ainda somos completamente capazes ao erro, à ingenuidade e à crença desmedida em nossos devaneios, sonhos e afins.
Contudo, e apesar da ciência deste fato, passamos a vida a tentar encontrar no outro uma alma que não cometa tais gafes terríveis. Como se estes fossem defeitos alheios, como se estas fossem gafes mesmo. Criticamos esposas e filhos, maridos e amigos, nossos pais e irmãos por suas fraquezas d’alma como se fossemos cruéis senhores de uma razão que, a bem da verdade, não existe. E, para mim, dúvidas fundamentais aparecem cá na cachola: Quando nos tornamos juízes daqueles que mais amamos na vida? Porque julgamos tanto aos outros ao passo que deveríamos tentar entendê-los?
Como somos incrivelmente capazes de não apoiar e ajudar as pessoas mais importantes em nossas vidas simplesmente porque achamos que elas estão erradas? E, ao invés de oferecer nosso colo, ouvidos e carinho, preferimos o julgo, a bronca e os gritos como se estas fossem ferramentas mais eficazes que o amor. Pois, não o são. E cá vai um lembrete para todos nós: somos tão ou mais capazes do que qualquer um no que diz respeito a cometer erros.
Muito para além de qualquer argumento e razão, creio mesmo que devemos perceber que toda a graça que há em cada um de nós reside em nossos “defeitos de fabricação” que nos tornam únicos. Não fossemos capazes dos absurdos que apenas cada um de nós é capaz, e a vida seria muito chata para todos nós. Como nos apaixonaríamos por alguém sem as maluquices que somente ele ou ela sabem fazer? Como nos sentiríamos necessários sem que os amores de nossas vidas precisassem de nosso apoio aqui ou ali? Como riríamos tanto sem as palhaçadas, os erros e as gafes daqueles que trazem às nossas vidas a alegria que sozinhos jamais poderíamos ter?
Pois, resta-nos ver que errados mesmo estamos nós quando nos esquecemos de que estamos aqui para ajudar antes de, simplesmente, julgar. Não acham? Vamos, por tanto, começar este ano com olhos mais caridosos e inteligentes, mais compreensivos e amigos, mais amorosos e fraternos, e deixemos para os juízes de direito o ato tão difícil e, muitas vezes cruel, de julgar o que é certo ou errado nesta vida.
Um abraço e um beijo desmedido e completamente irracional para todos vocês; amores da minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário