Assim que morre alguém com quem
temos algum laço de afeto, seja este qual for, o que todos nós fazemos é chorar
esta morte. Não por obrigação ou para fazermos pose, mas porque esta é a reação
natural de todo ser humano, pois temos que expressar nossos sentimentos. Seja
este o choro compulsivo e sentido que nos vem quando perdemos alguém que amamos
ou a lamentação sóbria e respeitosa em relação àqueles que admiramos à
distância, estas não requerem explicações ou motivos outros para além da perda
sentida.
Claro é que a pessoa falecida não
se torna santa com sua morte, contudo, mais claro ainda é que não é por isso
que lamentamos a sua perda. Da mesma forma que nosso amor ou paixão não está
atrelado à santidade de ninguém, nossos pêsames também não estão. Amamos porque
amamos, porque aquela pessoa tem para nós um significado que a lógica não deve
tentar explicar, pois a lógica jamais será a forma correta para compreendermos
qualquer sentimento.
Então, apesar de estarem longe de
qualquer santidade, todo o choro e as homenagens que vemos por estes dias pelas
mortes do Sr. Chávez, presidente Venezuelano, e Chorão, vocalista e letrista
santista, são sim algo a se admirar e demonstram a dimensão e a relevância do
que eles fizeram em vida. Por isso, mesmo que como eu, muitos achem que Chávez
cometeu muitos crimes durante seus anos de governo, mesmo assim, não há como
não admirar a força e a paixão que este homem foi capaz de gerar.
Quanto a Chorão, bem, não
lamentamos sua perda porque ele foi um exemplo de cidadão. E disso todos nós
sabemos. Maluco e cheio de atitude, duramente sincero e, às vezes, violento, apaixonado
pela vida e por mostrar tudo o que ele veio a dizer. E Chorão disse muito, e
foi um dos melhores letristas desta geração que eu tive o prazer de ver aparecer.
Humano, longe de perfeito e, por isso, grande nos seus feitos, Alexandre Magno
Abrão não conseguiu vencer a dependência química como muitos nesta vida; como
alguns na minha família, como alguns dos meus amigos queridos. E isso, na mesma
proporção, não os torna um exemplo do bem ou do mal. Não. Isso apenas nos faz
lembrar que falíveis somos todos nós, que erramos todos os dias durante quase
toda a vida. E que, apesar disso, há sempre quem nos ame como somos: homens e
mulheres imperfeitos.
Um beijo a todos os meus amigos,
e um especial para aqueles que resolveram viver a vida do seu jeito, os malucos que nem sempre são compreendidos.
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