domingo, 30 de março de 2014
O Mundo dos Covardes
O IPEA (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), como todo o universo brasileiro o sabe, divulgou uma
pesquisa que concluiu que 65% dos brasileiros acreditam que toda mulher com
roupas curtas está a pedir para ser estuprada. O que quer dizer que ela é a culpada por qualquer merda que com ela aconteça, não? Bom, pensei em todas as
vezes que já saí com roupas curtas ou decotes e, de coração, não me lembro de,
em nenhuma destas tais vezes, ter querido que um estranho me desrespeitasse ou
violentasse. Não mesmo. Eu não estava a pedir nada disso, apenas vivo num país
quente, tropical, e gosto de usar shorts e vestidos. Só isso.
Pois, por mais ridículo que seja
ouvir um absurdo destes, mais absurdo ainda é que no meio desta gente toda,
destes 65% de todos os iluminados brasileiros, aposto meu braço direito como há
muitas mulheres a erguer suas vozes com a mesma mesquinha e egoísta opinião. Pois
2, nunca imaginei que ainda estaríamos a discutir este tipo de coisas no século
21. Nunca. E vejo, com pesar, que por mais que as tecnologias, as ciências, e
todo mais avancem neste mundo, a nossa alma humana continua a rastejar no
quesito evolução.
Eu sempre soube que vivemos num
mundo de homens, e que a eles o mundo pertence. Nunca me enganei em relação a
isso. Eles mandam. Contudo, aceitar que estes que no mundo mandam sejam um
bando de covardes não é algo que se faça. Isso torna o mundo difícil demais de
compreender. Não acham? Não é fato que se alguém se imagina capaz de governar
tudo que conhecemos este alguém deveria ser capaz de grandes feitos e não das
mais tristes covardias? Bem, eu acho que assim deveria ser.
Pouca coisa me parece mais
covarde do que alguém maior e mais forte a subjugar o outro menor e mais fraco
do que ele. E eu tenho certeza que homem brasileiro algum teria a tal opinião
se nós fossemos maiores e mais fortes do que eles. Não senhor. Assim como
nenhum nazi-branquelo sozinho ataca a ninguém do seu tamanho no meio da rua,
seja ele negro ou homossexual; ou nenhum torcedor fanático, fora de seu bando,
decide assassinar a um rival. Eles sempre atacam em bandos, certos de que a
vantagem numérica lhes garantirá a vitória.
Tenho vergonha de viver neste
país de covardes, de homens, e mulheres, que por sua força física, por suas
crenças tortas, ou pela quantidade de dinheiro que carregam nos bolsos se
sentem melhores do que os outros, e se acham no direito de punir a todos que
são diferentes deles. Eles ainda não sabem, contudo, não são melhores do que
ninguém. Eles são apenas um bando de covardes calcados sobre falsas noções de moral
e de bons costumes sob os quais se escondem e procuram justificar o ódio que
sentem do que não conseguem entender.
E, a respeito da tal pesquisa,
queria apenas saber se estes 65% de brasileiros teria a mesma opinião se a
menina de roupas curtas fosse a filha deles. Algo me diz que não, mas nisso...
Bom, nisso ninguém pensa antes de começar a dizer asneiras por aí. Certo?
quarta-feira, 26 de março de 2014
A Onda
A Onda
E apesar de todos os anos e seus enganos,
as dores ainda chegam ao fundo e transbordam.
E quanto mais força faço para que não haja lembranças
mais alto gritam as memórias irracionais e
desvairadas.
Entorpecidas pela própria força de sua natureza ilusória,
estórias sem fim, sem um final feliz, reescrevem a si
próprias
e dão à luz a um
labirinto de palavras sem saída.
Afogo-me em palavras molhadas,
em montanhas de palavras,
em abismos de palavras,
numa onda assombrosa de palavras que me consomem.
Palavras que de minhas carnes são feitas e,
autofágicas,
devoram-me.
Devoram-me sem nunca poder matar
aquilo que as cria
e as consome e, sem ar, morrem.
segunda-feira, 24 de março de 2014
domingo, 23 de março de 2014
sexta-feira, 21 de março de 2014
O Apocalipse da Comunicação Interpessoal
Quem trabalha na área de
informática, como eu, já sabe que o uso de expressões ou palavras inglesas
aportuguesadas é extremamente comum (infelizmente). Um dia ouvi um colega do
meu lado pedindo para eu “updeitar o registro de uma tabela”. Tal frase veio
acompanhada de uma onda de choque, como que um ataque cardíaco ou um acidente
vascular cerebral chamando minha atenção sobre o que eu tinha acabado de
escutar. Apenas para situar aqueles que não são da área de tecnologia, as
ferramentas de desenvolvimento de software são todas em inglês, o que promove o
neologismo que aportuguesa expressões fornecidas pelas ferramentas. “Updeitar”
o registro nada mais é que atualizá-lo, do verbo update em inglês. Não quero parecer
um purista protestando nas ruas o uso de nossa língua como única forma de
expressar. Moro em um país com sua identidade cultural formada por vários povos
e certas expressões são mais do que bem vindas, mas temos que colocar um limite
nisso. Cada vez mais eu vejo a banalização injustificável nos novos vocábulos.
“Vou invoiçar o cliente para o fabricante shippar o produto”. Onde diabos
estamos? Por que não dizer “faturar” (invoice) o cliente, ou mesmo “enviar” ao
invés de adaptar o verbo “ship”? E não para por aí! As aberrações vão além e
prefiro não me estender para não romper outra veia em meu cérebro já
comprometido. Antes nossa preocupação era com concordâncias e gerundismos,
porém a lei de Murphy vem nos provar que “nada é tão ruim que não possa ficar
pior”. Vejo isso como um reflexo de uma sociedade que prefere manter-se na
ignorância, prefere não pensar; ouve funk e obriga os outros ao seu redor a
ouvirem também; que ao invés de ler um bom livro prefere assistir Big Brother
com seus “heróis” que defendem a morte de soropositivos para erradicar a AIDS
(digo SIDA). Passamos pelas reformas (ou quase reformas) econômicas com
Fernando Henrique e sociais com Luis “Lula” Inácio. Agora fico esperando pela
chegada da reforma moral, usando mouse em meu laptop, indo aos Shoppings para
adquirir produtos On Sale; comendo uma carne ao molho barbecue; bebendo sucos
diet. E ao invés de ligar no meu smart-phone, mande seu feedback por e-mail, já
que hoje faço home-office, mas talvez demore para responder, pois tenho que
pagar contas pelo internet-banking, OK?
Obs.: Você entenderia o final se
fosse somente escrito em português?
(“...usando o rato no meu computador
portátil; indo aos centros de compra para adquirir produtos em promoção;
comendo carne ao molho de churrasco; bebendo sucos dietéticos. E ao invés de
ligar no meu telefone móvel inteligente, mande sua retroalimentação por correio
eletrônico, já que hoje trabalho de casa mas talvez demore para responder, pois
tenho que pagar contas pelo acesso da rede de meu banco.”)
Texto do amigo (mais que querido) de longa data,
Luís Fernando Castro Costa.
Obrigada pelo presente!
quarta-feira, 19 de março de 2014
Não é o que não pode ser?
Por estes dias o que mais me
parece certo é que o que não pode ser, às vezes, muitas vezes, é. E se a lógica
já não fazia muito sentido no âmbito daquilo que sentimos, ela anda a perder
terreno naquilo que parecia seu habitat – os fatos e nossas ações.
Se o certo é que deve sempre
haver a tal da razão em tudo que fazemos, estamos mesmo muito perdidos atualmente.
Há quinze dias seria loucura imaginarmos que um avião cheio de gente podia
simplesmente desaparecer sem deixar rastros, como se pudesse se esconder por
detrás de uma nuvem qualquer, no ar. Contudo, e se isso já parecia desafiar a
razão que as coisas devem ter, no último domingo, aqui no Rio de Janeiro, (um
lugar bem mais próximo e real do que nos céus da Malásia), aconteceu algo que
desafia toda a lógica e a razão que qualquer pessoa neste mundo pode conhecer.
No domingo, policiais militares,
à plena luz do dia, trataram uma mulher como se fosse alguma coisa qualquer, um
saco de batatas ou lixo, e a jogaram de qualquer maneira no porta-malas da
viatura que, por um motivo inexplicável também, parecia ter pressa para levar a
tal senhora ferida ao hospital. Difícil crer que no ato houve qualquer intenção
de ajudá-la, de salvá-la. Parecia haver, isso sim, a pressa de se esconder algo
errado, uma falha, um ato grave e equivocado que a tal polícia cometera.
Pois o descaso, a falta de qualquer
pudor humano que os tais policiais deveriam ter, resultou numa das cenas mais
cruéis que já vi nesta vida. Como se estivesse a ver um faroeste à italiana, eu
vi a senhora Claudia Silva Ferreira ser arrastada pelo carro da polícia, presa
ao para-choque traseiro, pelas ruas do Rio de Janeiro por alguns metros. Não queria
vê-lo. Fugi do vídeo e da cena durante toda a segunda-feira, porém, a realidade
impõe-se sempre. Esteja ela plena de lógica ou o seu oposto.
Lembrei-me de uma cena vista há
anos e que ainda me assombra frequentemente. Há anos, vi uma reportagem de como
são feitos casacos de pele e um homem a esfolar um animal atordoado, mas ainda
vivo, que gemia baixo de dor. Chorei. Achei aquela a maior atrocidade que eu já
tinha visto, mas, infelizmente, agora a cena foi superada.
Não importando se a senhora Cláudia
estava já morta ou não, e o quanto ela pôde sentir de tudo o que aconteceu. A
falta de respeito à vida demonstrada por estes brasileiros que deveriam cuidar
da vida humana foi, é, assombrosa; uma atrocidade inexplicável. Uma mulher inocente foi baleada e arrastada
pelas ruas da cidade onde ela morava, e isso ultrapassa qualquer falta de razão
que possa haver nesta vida. Entre tantos absurdos, me parece que o que não pode
ser, é. E a pergunta que me vem à mente é se a única coisa que podemos fazer é
continuar a chorar.
segunda-feira, 17 de março de 2014
Elis Regina - 69 anos, hoje.
Quando menina, Elis a cantar esta canção me assombrava pela força de todos os sentimentos que ela continha. Eu não os conhecia, e não compreendia. Pena ela não estar aqui hoje conosco, pois, toda menina cresce.
domingo, 16 de março de 2014
quarta-feira, 12 de março de 2014
Johnny Cash - She Used To Love Me A Lot
"She Used To Love Me A Lot"
I saw her through the window today
She was sittin' in the Silver Spoon cafe
I started to keep going
But something made me stop
She used to love me a lot
She looked lonely and I knew the cure
Old memories would win her heart for sure
I thought I'd walk on in
And I give it my best shot
She used to love me a lot
I sat down beside her and she smiled
She said where have you been it's been awhile
She was glad to see me
I could almost read her thoughts
She used to love me a lot
She used to love me with a love that wouldn't die
Looking at her now I can't believe I said good-bye
It would only take a minute to turn back the clock
She used to love me a lot
I remember how good it was back then
And I said it's not to late to start again
We could spend a night together
Take up where we left off
She used to love me a lot
Then I panicked as she turned to walk away
As she went out the door I heard her say
Yes I'm in need of something
But it's something you ain't got
But I used to love you a lot
I thought she loved me with a love that wouldn't die
Looking at her now I can't believe she said good-bye
She just left me stading in there, I never been so shocked
She used to love me a lot
She used to love me a lot
She used to love me a lot ...
domingo, 9 de março de 2014
Sorriso
Quero ser nuvem sem forma definida
que brinca de ser monstro, bicho, coisa e flor
enquanto dança diante dos teus olhos cheios da rotina
apenas para fazer-te lembrar que o céu existe,
no meio do dia,
e que ele é o azul mais lindo de se ver.
e que ele é o azul mais lindo de se ver.
Quero ser brisa, vento e ventania numa força sem corpo
e cheia de vida para poder mover os teus moinhos e te trazer
o pão,
para espantar, nos dias de verão,
do teu pescoço e do dorso
o calor e o salgado suor.
do teu pescoço e do dorso
o calor e o salgado suor.
Quero ser a tal da Maria, a Maria-sem-Vergonha, e crescer
uma e outra vez
pelos teus caminhos todo santo dia,
apenas para te colorir a vida,
e fazer-te lembrar que o que não tem preço é o que merece o
nosso apreço.
Quero ser borboleta, mariposa e abelha para, sem alarde,
trazer-te
pequenos e doces
beijos,
e em silêncio ouvir teus sussurros, teus medos,
teus desejos.
Quero ser qualquer coisa que te faça sorrir para mim,
para que seja infinito este feitiço e,
eternamente,
eu me apaixone por ti.
quarta-feira, 5 de março de 2014
Multi_Viral
Multi
Viral
Calle
13
Todo
empieza con una llamarada
Cuando
despedimos llamas de nuestras miradas
Quieren
detener el incendio que se propaga
Pero
hay fuegos que con agua no se apagan
Y se
acerca la linea policíaca
Los
músculos se tensan
Y
aumenta la frecuencia cardíaca
Suben los niveles de testosterona
Y empieza ese momento
En el que se enfrentan las personas
Cuando somos amigos del coraje
Cuando gritar se convierte en nuestro único lenguaje
A mi me ordena la razón, a ti te ordena un coronel
Si nuestra lucha es de cartón
La de ustedes es de papel
Y no nos paran
Porque un mensaje contundente
Convierte a cualquier teniente
En un tiburón sin dientes
El estado nos teme
Porque al mismo tiempo que somos 132 y 15M
Si la prensa no habla
Nosotros damos los detalles
Pitando las paredes
Con aerosol en las calles
Levanto mi pancarta y la difundo
Con solo una persona que la lea
Ya empieza a cambiar el mundo!
Codo con codo
Paso con paso
Crece la ola
Crece la espuma
Cuando cada vez más gente se suma
El que controla
El que domina
Quiere enfermarte pa' venderte medicina
Y nos endrogan
Nos embrutecen
Cualquier pregunta que tengamos
La adormecen
Son las mentiras recalentadas
Nos alimentan con carne procesada
Y la gente sigue desinformada
Una noticia mal contada
Es un asalto a mano armada
Se infiltramos
Nos duplicamos
Como las células
Nos multiplicamos
Al que no quiere caldo
Se le dan dos tazas
Somos la levadura que levanta la masa
Nuestras ideas son libres y están despiertas
Porque pensamos con las puertas abiertas
Lo que no se ve
Lo estamos viendo
Nacimos sin saber hablar
Pero vamos a morir diciendo
Codo con codo
Paso con paso
Crece la ola
Crece la espuma
Cuando cada vez más gente se suma
Julian Assange:
We live in the world that your propaganda made
But where you think you are strong you are weak
Your lies tell us the truth we will use against you
Your secrecy shows us where we will strike
Your weapons reveal your fear for all to see
From Cairo to Quito a new world is forming
The power of people armed with the truth
Codo con codo
Paso con paso
Crece la ola
Crece la espuma
Cuando cada vez más gente se suma
Calle 13 - Digo lo que Pienso
Digo Lo
Que Pienso
Siempre
digo lo que pienso
No
quiero ser tu artista favorito
Tampoco
me interesa representar a Puerto Rico
Pa'
representar a mi país están los deportistas
Lo mío
es soltar la lengua y que resbale por la pista
Tengo
del respeto que no se compra con plata
Soy un
tipo decente sin tener que usar corbata
Rimando
con franqueza soy todo un académico
Soy mas
polémico que Michael Jackson y su médico
Siempre
digo lo que pienso
Mis
letras groseras son mas educadas que tu silencio
Se
equivocaron un par de novatos en la escena
Pero se
disculparon no hay ningún problema
Tirar
con indirectas, eso no es cosa de hombres
El que
me tire a mi tiene que mencionar mi nombre
Y
cuando me mencionan rimando estupideces
Los
pongo a caminar en faldas como los escoceses
Con un
buen manejo del vocablo
Rimando
hay pocos caballos en el establo,
Diablo,
la envidia los bloquea
Tuvo
que venir un rockero a darles clases de cómo se rapea
[Coro:]
Siempre
digo lo que pienso
Aquí no
hay armas, yo me la juego inteligente
Siempre
digo lo que pienso
Con dos
palabras puedo tumbarte un par de dientes
Siempre
digo lo que pienso
Cuando
quiero decir algo lo digo de frente
Siempre
digo lo que pienso
Dejar
de hablar no combina con gente valiente
Baterista
de pequeño, rapero cuando adulto
Por eso
riman a tiempo todos mis insultos
A las
mentalidades prehistóricas
Las
capturo con groserías
Luego
las mato con retórica
Los
problemas no se dan por sentado
Y mas
cuando hay abusos de parte del estado
Sería
muy fácil para mi escribir un bolero
O hacer
un video rapeando encima de un velero
Con
mujeres en pelotas acariciándome los huevos
Sacrificar
mis ideales pa' venderte un disco nuevo
Si es
así mejor me quedo
No se
puede escribir sobre el dolor
Cuando
se escribe con miedo
Conformarse
y dejar de insistir
Es como
ver a alguien ahogándose y dejarlo morir
No
importa si me escucha una sola persona por esta vez
Cuando
conecto a uno conecto a diez
Que
importa si no sueno en las radios de mi país
Tengo
al mundo dando vueltas con las letras que escribí
Me
censuraron por razones obvias
Por que
fui mas honesto con ustedes
Que lo
que fui con mi ex novia
Yo soy
el que te recuerda como estamos de jodíos
Y que
todos tus problemas pueden ser como los míos
Yo soy
todo lo que tu escondes
Soy el
que esta pa' ti, dime cómo cuándo y dónde
[Coro]
Siempre
digo lo que pienso
Aquí no
hay armas, yo me la juego inteligente
Siempre
digo lo que pienso
Con dos
palabras puedo tumbarte un par de dientes
Siempre
digo lo que pienso
Cuando
quiero decir algo lo digo de frente
Siempre
digo lo que pienso
Dejar
de hablar no combina con gente valiente
Hoy te
va conocer el mundo entero
Te voy
a hacer famoso pero por periquero
Alcalde
drogadicto con cara de idiota
Ganarme
esos Grammys fue como venirme en tu boca
Eres
corrupto, tu lo sabes, yo no me chupo el dedo
Tienes
cara de narcotraficante con miedo
Con el
dinero de las regalías de esta canción
Te
prometo que te pago la rehabilitación
No me
vengas a amenazar con la CIA
Yo
también tengo amigos policías
Amigos
en México, Colombia y Venezuela,
Cuba,
Argentina, y hablo con ellos to' los días
Tengo
amigos que te han visto capeando
El
perico, la coca, oliendo, olfateando
Pa' que
no digan que esto es un montaje
Yo te
invito a hacernos la prueba de dopaje.
terça-feira, 4 de março de 2014
Do lado de lá do lado do que cá está
Uma das coisas mais difíceis nesta vida é definir exatamente,
claro e sem sombra de dúvida alguma, o que é o certo a se fazer nesta ou
naquela situação. Saber se estamos certos, cheios e donos da razão, ou se
estamos completamente equivocados em nossas decisões e atitudes durante a vida
é muito mais complexo e custoso do que parece ser a princípio. Vamos, tal cegos
de Saramago, a tatear pela vida e a mostrar que a nossa natureza humana não é
tão boa quanto cremos ser. Isso de sermos falíveis e imperfeitos tem sua
beleza, eu sei. Mas o fato é que o ônus que tais qualidades trazem pesa demais
às vezes.
Certo é que há os tais dos dez mandamentos e que as leis
estão cá para que as cumpramos. Entretanto, entre matar alguém e cobiçar a
mulher do próximo há uma distância gigantesca, e os pecados grandes ou pequenos
são cometidos a miúdo sejam eles movidos por boas ou más intenções. E na
maioria dos casos a questão não reside em saber se as intenções são boas,
contudo em perceber por intenção de quem é que elas são.
Sempre me achei uma boa pessoa, apesar de apenas meio ciente
de minhas imperfeições e limitações, verdade. Mas, ainda assim: boa. Nunca matei
nada para além de formigas e baratas, e procuro não magoar as pessoas, apesar
de saber que, às vezes, o faço. Porém, tal como o inferno, eu estar cheia de
boas intenções talvez não seja uma garantia atestada da bondade e beleza d’alma
que me habita. Sei que não sou um monstro, não é disso que se trata. Porém,
percebo, em contradição com o meu dramático egoísmo costumeiro, que não sou o
anjo de pessoa que por vezes imagino ser.
E se já nos é um tanto doído perceber que não há tanta beleza
do lado de fora ao nos olharmos no espelho, perceber que pode haver a feiura cá
dentro dói muito mais. E entendemos que não nos conhecemos tão ampla e à luz do
dia como no dia a dia nos parece ser.
Então, noutro dia, quando ouvi alguém
afirmar que, com o tempo e o distanciamento, ele pôde, afinal, perceber a quão
feia a menina é por dentro apesar de por fora não o ser; assustei-me. Não que
o dito tenha sido explicitamente dito para mim. Talvez sim. Talvez. Mas isso
não importa. O que importa é que, desde
então, ando a olhar-me no espelho a tentar enxergar o quão feia sou, ou não,
por dentro. Feito a Alice, ando a vasculhar no reflexo o que há do lado de lá
do lado que cá dentro está.
domingo, 2 de março de 2014
How to Write about Africa - B. Wainaina
Page 1 | How to Write about Africa | Granta 92: The View from Africa | Archive | Granta Magazine
How to Write about
Africa
DISCUSSION (925)
This article was originally published in Granta
92.
How to Write About Africa
Always use the word ‘Africa’ or ‘Darkness’ or
‘Safari’ in your title. Subtitles may include the words ‘Zanzibar’, ‘Masai’,
‘Zulu’, ‘Zambezi’, ‘Congo’, ‘Nile’, ‘Big’, ‘Sky’, ‘Shadow’, ‘Drum’, ‘Sun’ or
‘Bygone’. Also useful are words such as ‘Guerrillas’, ‘Timeless’, ‘Primordial’
and ‘Tribal’. Note that ‘People’ means Africans who are not black, while ‘The
People’ means black Africans.
Never have a picture of a well-adjusted African
on the cover of your book, or in it, unless that African has won the Nobel
Prize. An AK-47, prominent ribs, naked breasts: use these. If you must include
an African, make sure you get one in Masai or Zulu or Dogon dress.
In your text, treat Africa as if it were one
country. It is hot and dusty with rolling grasslands and huge herds of animals
and tall, thin people who are starving. Or it is hot and steamy with very short
people who eat primates. Don’t get bogged down with precise descriptions.
Africa is big: fifty-four countries, 900 million people who are too busy
starving and dying and warring and emigrating to read your book. The continent
is full of deserts, jungles, highlands, savannahs and many other things, but
your reader doesn’t care about all that, so keep your descriptions romantic and
evocative and unparticular.
Make sure you show how Africans have music and
rhythm deep in their souls, and eat things no other humans eat. Do not mention
rice and beef and wheat; monkey-brain is an African's cuisine of choice, along
with goat, snake, worms and grubs and all manner of game meat. Make sure you
show that you are able to eat such food without flinching, and describe how you
learn to enjoy it—because you care.
Taboo subjects: ordinary domestic scenes, love
between Africans (unless a death is involved), references to African writers or
intellectuals, mention of school-going children who are not suffering from yaws
or Ebola fever or female genital mutilation.
Throughout the book, adopt a sotto voice, in
conspiracy with the reader, and a sad I-expected-so-much tone. Establish early
on that your liberalism is impeccable, and mention near the beginning how much
you love Africa, how you fell in love with the place and can’t live without
her. Africa is the only continent you can love—take advantage of this. If you
are a man, thrust yourself into her warm virgin forests. If you are a woman,
treat Africa as a man who wears a bush jacket and disappears off into the
sunset. Africa is to be pitied, worshipped or dominated. Whichever angle you
take, be sure to leave the strong impression that without your intervention and
your important book, Africa is doomed.
Your African characters may include naked
warriors, loyal servants, diviners and seers, ancient wise men living in
hermitic splendour. Or corrupt politicians, inept polygamous travel-guides, and
prostitutes you have slept with. The Loyal Servant always behaves like a
seven-year-old and needs a firm hand; he is scared of snakes, good with
children, and always involving you in his complex domestic dramas. The Ancient
Wise Man always comes from a noble tribe (not the money-grubbing tribes like
the Gikuyu, the Igbo or the Shona). He has rheumy eyes and is close to the
Earth. The Modern African is a fat man who steals and works in the visa office,
refusing to give work permits to qualified Westerners who really care about
Africa. He is an enemy of development, always using his government job to make
it difficult for pragmatic and good-hearted expats to set up NGOs or Legal
Conservation Areas. Or he is an Oxford-educated intellectual turned
serial-killing politician in a Savile Row suit. He is a cannibal who likes
Cristal champagne, and his mother is a rich witch-doctor who really runs the
country.
Among your characters you must always include
The Starving African, who wanders the refugee camp nearly naked, and waits for
the benevolence of the West. Her children have flies on their eyelids and pot
bellies, and her breasts are flat and empty. She must look utterly helpless.
She can have no past, no history; such diversions ruin the dramatic moment.
Moans are good. She must never say anything about herself in the dialogue
except to speak of her (unspeakable) suffering. Also be sure to include a warm
and motherly woman who has a rolling laugh and who is concerned for your
well-being. Just call her Mama. Her children are all delinquent. These
characters should buzz around your main hero, making him look good. Your hero
can teach them, bathe them, feed them; he carries lots of babies and has seen
Death. Your hero is you (if reportage), or a beautiful, tragic international
celebrity/aristocrat who now cares for animals (if fiction).
Bad Western characters may include children of
Tory cabinet ministers, Afrikaners, employees of the World Bank. When talking
about exploitation by foreigners mention the Chinese and Indian traders. Blame
the West for Africa's situation. But do not be too specific.
Broad brushstrokes throughout are good. Avoid
having the African characters laugh, or struggle to educate their kids, or just
make do in mundane circumstances. Have them illuminate something about Europe
or America in Africa. African characters should be colourful, exotic, larger
than life—but empty inside, with no dialogue, no conflicts or resolutions in
their stories, no depth or quirks to confuse the cause.
Describe, in detail, naked breasts (young, old,
conservative, recently raped, big, small) or mutilated genitals, or enhanced
genitals. Or any kind of genitals. And dead bodies. Or, better, naked dead
bodies. And especially rotting naked dead bodies. Remember, any work you submit
in which people look filthy and miserable will be referred to as the ‘real
Africa’, and you want that on your dust jacket. Do not feel queasy about this:
you are trying to help them to get aid from the West. The biggest taboo in
writing about Africa is to describe or show dead or suffering white people.
Animals, on the other hand, must be treated as
well rounded, complex characters. They speak (or grunt while tossing their
manes proudly) and have names, ambitions and desires. They also have family
values: see how lions teach their children? Elephants are caring, and are good
feminists or dignified patriarchs. So are gorillas. Never, ever say anything
negative about an elephant or a gorilla. Elephants may attack people’s
property, destroy their crops, and even kill them. Always take the side of the
elephant. Big cats have public-school accents. Hyenas are fair game and have
vaguely Middle Eastern accents. Any short Africans who live in the jungle or
desert may be portrayed with good humour (unless they are in conflict with an
elephant or chimpanzee or gorilla, in which case they are pure evil).
After celebrity activists and aid workers,
conservationists are Africa’s most important people. Do not offend them. You
need them to invite you to their 30,000-acre game ranch or ‘conservation area’,
and this is the only way you will get to interview the celebrity activist.
Often a book cover with a heroic-looking conservationist on it works magic for
sales. Anybody white, tanned and wearing khaki who once had a pet antelope or a
farm is a conservationist, one who is preserving Africa’s rich heritage. When
interviewing him or her, do not ask how much funding they have; do not ask how
much money they make off their game. Never ask how much they pay their
employees.
Readers will be put off if you don’t mention
the light in Africa. And sunsets, the African sunset is a must. It is always
big and red. There is always a big sky. Wide empty spaces and game are
critical—Africa is the Land of Wide Empty Spaces. When writing about the plight
of flora and fauna, make sure you mention that Africa is overpopulated. When
your main character is in a desert or jungle living with indigenous peoples
(anybody short) it is okay to mention that Africa has been severely depopulated
by Aids and War (use caps).
You’ll also need a nightclub called Tropicana,
where mercenaries, evil nouveau riche Africans and prostitutes and guerrillas
and expats hang out.
Always end your book with Nelson Mandela saying
something about rainbows or renaissances. Because you care. ■
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