No dia 16 de julho de 1950, no
Maracanã (o oficial – Estádio Jornalista Mário Filho) o Brasil e todos os
brasileiros entraram numa depressão desportiva e moral. Naquele dia perdemos a
Copa do Mundo de maneira insólita, inacreditável. Num jogo onde podíamos empatar e ainda assim
sermos campeões, o Brasil saiu na frente, cedeu o empate aos 21 minutos do
segundo tempo e, quinze minutos depois, viu o que não podia e não devia ter
acontecido. Aos 36 minutos do segundo tempo, como nunca antes e depois, um
estádio de futebol cheio de gente calou-se; com um segundo gol os Uruguaios
sagravam-se campeões.
Por estes dias assisti a um
programa sobre o tal famigerado dia, a derrota das derrotas que assombrou a
muitos por muito tempo e a todos aqueles jogadores brasileiros pela vida
inteira. Ver e sentir o peso da derrota que os 11 homens de 50 carregaram, e
carregam, com eles faz qualquer um chorar, verdade. Contudo, ver e sentir o
amor inocente, quase pueril, deles pelo futebol em comparação com o que temos
agora faz qualquer um entrar em depressão. “Deprimi”.
O certo é que estamos a menos de
15 dias do Mundial e falta-nos a cor, o som, a empolgação e a paixão dantes vistos
por estas terras em todas as edições deste campeonato. Estamos acabrunhados com
nossa ineficiência, tronchos com tudo o que foi prometido e deixou de fazer
parte deste mundial, e apoquentados com todos os absurdos financeiros e morais
que vemos desfilar sob nossos narizes diariamente.
Por isso, depois de 64 anos, a Copa
(que deu a volta ao Mundo e foi até a África e o Japão para depois aportar em
Terra Brasilis) chega aqui para um “replay” sem nenhum charme ou “je ne sais
quoi”. O brasileiro simplesmente não consegue sentir-se bem com este campeonato
que tem pouca relação com a paixão pela bola e laços estreitos, bem apertados,
com a paixão pelo poder e o dinheiro.
Seja lá qual for o resultado
desta Copa do Mundo de Futebol, eu cá dentro sinto uma melancólica inveja
daqueles que puderam assistir ao Campeonato de 50. Tenho certeza que nenhum dos
sentimentos de hoje, nem uma gota sequer desta vergonha que hoje sentimos,
estavam presentes naquele julho de 50. Desta vez, não se faz necessária uma
derrota inexplicável para que a tristeza faça parte desta estória, porque, se
há um sentimento comum nesta Copa, este é a decepção.
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