Hoje é dia da Mulher, e agradeço
por ser um domingo, pois assim diminui exponencialmente a quantidade de
bobagens que tenho que ouvir sobre este dia; sejam elas os cumprimentos por um
Feliz Dia da Mulher ou as piadinhas machistas de sempre. Apesar de ser óbvio
que não há mal algum em desejar um feliz dia para qualquer um que seja e, nem
tanto mal assim nas piadinhas, (afinal o humor e o sarcasmo fazem parte de quem
somos e podermos rir de nós mesmos é mesmo prazeroso numa catarse um tantinho masoquista),
este não é um dia para florzinhas e reduzi-lo a isso, a pintarmos o mundo de
rosa, é a banalização de um problema que, apesar de estar melhor do que há um
bocado de anos, ainda está distante da completa solução. A situação da mulher
nas sociedades mundo afora ainda não é igual a dos homens.
Longe de esperar e querer que
homens e mulheres sejam iguais em tudo, porque acho mesmos que as diferenças
são coisa bonita de se ver e sentir, eu queria apenas que tais diferenças
servissem apenas para aquilo que elas devem servir: para trazer mais graça e
vida à nossa existência. Portanto, e aproveitando que estamos a celebrar os 50
anos da célebre marcha de Selma a Montgomery nos EUA, um momento importante na
luta pelos direitos civis no mundo, vale lembrar que existe o tal Dia das
Mulheres como existe o Dia da Consciência Negra e o Dia do Orgulho Gay, entre
tantos, para nos lembrarmos que muitas e muitas vezes a cada dia os direitos civis
destas pessoas são desrespeitados ou, simplesmente, negados.
Estes, então, não são dias para
festas, apesar de elas existirem em abundância, mas sim dias para lembrarmos
que o gênero humano é, e será sempre, um só apesar das diferenças que nele
existem. Mulheres não são melhores do que ninguém, homens negros não são
melhores do que ninguém, homossexuais não são melhores do que ninguém; homens
brancos não são melhores do que ninguém.
O Dia da Mulher foi criado no
início do século 20 para marcar a luta das mulheres pelo direito ao voto e por
condições iguais de trabalho, para mostrar ao Mundo que deveríamos ter os
mesmos direitos civis que aos homens eram dados. Hoje, quase 100 anos depois, o
mundo é muito diferente daquele e as condições de vida de todos nós, incluindo as
das mulheres, mudou radicalmente. Entretanto, ainda hoje, nos assombram as
mutilações genitais, as surras e os assassinatos, os salários mais baixos, a
escravidão e o comércio ilegal de mulheres, a constatação de que ainda hoje,
cem anos depois, há direitos civis que ainda não conquistamos.
Por isso tudo desejo a todos,
homens e mulheres, um dia para refletirmos sobre os direitos e os deveres de
cada um de nós e sem nada de florzinhas.
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