Desgosto (A)gosto
Agosto é mês de desgosto, reza a
crença popular. E eu, com meu próprio desgosto particular para o mês, decidi
que este agosto passaria sem ser notado. Dei as boas vindas às Olimpíadas e decidi
que afundar-me-ia no sofá, ou na cama, durante os dias dos jogos. Seriam bons
dias de pão e circo sem nenhum pensar; pensei eu. Muita correria de gente e
bolas e nada a passar por cá na cachola; plano genial e quase perfeito para
deixar a realidade do lado de fora.
Contudo, o meu mundo sem
problemas durou muito pouco, um quase nada de tempo. Aliás 1, para ser bem sincera,
ele nem chegou a existir por poucas horas direito. Um mundo sem problemas e
tristezas foi apenas tênue e doce ilusão, uma vontade raquítica que a realidade
brasileira, dura e difícil demais por estes dias, sufocou. Pobre ilusão, mortinha
da silva antes de nascida.
Em Terra Brasilis anda grande a
crise. Falta dinheiro, falta trabalho e sobra a completa e irremediável falta
de vergonha na cara daqueles que nos governam, ou melhor: desgovernam. É bem
verdade que a classe política nada mais é do que um reflexo colorido e
destacado do que somos nós: o povo brasileiro. Não? Não! Sinto-me ofendida
comigo mesma todas as vezes que tal ideia nasce e renasce cá dentro. Somos mesmo
um povo corrupto e corruptível, desonesto e de moral duvidosa por natureza? Oh São
Macunaíma, o que será de nós?!
Em agosto teremos o fim do tal
processo de afastamento da Presidente da República, Sra. Dilma Roussef; um show
de cinismo de ambas as partes – governo e oposição. Aliás 2, e nem saber
direito quem vem a ser governo e oposição anda fácil atualmente por aqui. E aliás 3, não adianta chorar ou reclamar, nem
sair à rua para gritar, porque o fato é que em setembro o presidente do Brasil
será outro e não haverá nada a comemorar. Como não havia o que comemorar antes
com o governo corrupto e incompetente de Dilma. Estamos a trocar seis por meia
dúzia e, se alguém ainda não entendeu os porquês reais do tal Impeachment, recomendo
estudar um pouco a nossa História e compreender os porquês das saídas de Jânio
Quadros e Fernando Collor do mesmo dito cargo.
Entre tantas tramas e tramoias nas
quais somos e fomos envolvidos sem querer, ou pela falta do nosso querer, vimos
o indiciamento do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. O que não significa muito, é
verdade. Porém, isso sim, isso me alegra. Alegra-me ver gente graúda e de rabo
preso ver-se em maus lençóis, enquadrada e incomodada pela lei que aos pobres
enquadra e esmaga sem quaisquer cerimônias. E se alguém ainda acredita que Sr. Luiz Inácio
é um pobre brasileiro injustiçado, preste bem atenção no seguinte: Ele não o é.
Mais do que o mês do desgosto,
este agosto está a provar-se o mês do cachorro louco, como bem diria a minha
mãe, e eu por minha parte quero mais é ver, do sofá, briga de cachorro grande
torcendo para ninguém ganhar.