“Habemus Circus”
Contagem regressiva para a
abertura das Olimpíadas brasileiras, ou melhor, cariocas; e eu já me organizo para
“a minha cerimonia particular”: assistir a tal abertura com direito à tela grande
e pipoca. Habemus Circus! Curiosidade a mil na cachola... Daremos vexame?
Teremos uma cerimônia digna do nome, cheia de pompa e circunstância, ou não? Anita
no tal pontapé inicial já denota um mau agouro, para mim, e sinal de que as
coisas não serão tão boas assim. Eu sei; preconceito meu. Ok. Mas, meu Deus, na
terra de Marisa Monte, Chico Buarque, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Criolo,
Vanessa da Mata, Roberto Carlos e Rita Lee; na terra de uma Ivete Sangalo e seu
carnaval eterno entre tantos outros, teremos Anita?! Pobres ouvidos...
Depois da tal inauguração
fenomenal virão as poucas horas de sono num frisson danado e completamente
irracional no qual eu entro e que me faz querer assistir a qualquer porcaria
que esteja sendo disputada em reprises noturnas. Viro fã de qualquer puto
esporte que eu mal conheço e que jamais acompanho num “status normalis” de
vida. Contudo, como é bom esquecer este mundo por alguns dias, não? Afinal, quão
lindo fica o mundo sem sinal dos “Trumps da vida”, nada de guerras, de problemas
econômicos ou de inflação no meu país, zero de Dilma e de Temer, nadica de nada
de problemas sociais e ou quaisquer outros. Vivas ao adormecimento temporário e
ao esquecimento! Vivas às férias cerebrais e a alma distraída com índices,
pontos e regras desportivas!
Eu sei que esta postura minha é
muito feia, para dizer o mínimo. Ela é mesmo egoísta e um tanto quanto acéfala.
Principalmente para mim, moradora consciente de um país de terceiro-mundo com
sonhos eternos de grandeza e poucas realizações efetivas. Lugar de muita
desigualdade social, muita corrupção e muita violência. Pois, não deveríamos nunca
ser sede de eventos tão sem importância para a vida real, feito Olímpiadas e
Copa do Mundo, e que aqui não geram legado algum para os cidadãos para além de
dívidas e estruturas gigantescas e abandonadas. Já vimos isso acontecer na tal
Copa do Mundo que nos deixou estádios de futebol frequentemente vazios num país
que há algum tempo demonstra que já se esqueceu de como é que se joga bola.
Aliás, antes mesmo da abertura
das nossas Olimpíadas já demos sinais do que nos espera com o primeiro jogo da
seleção olímpica masculina de futebol; grandes decepções no campo desportivo. Porém,
e apesar de tudo isso, não podemos dizer que não merecemos, vez ou outra,
férias deste nosso terceiro mundo complicado e injusto. Podemos? Então, que
venham elas: as lindas, alegres e festivas Olimpíadas em terras Brasilis. Já
posso ouvir os surdos, as caixas, os pandeiros, os tamborins e as cuícas a soar
no meu peito porque festa no Brasil sem samba não existe. Amanhã faremos
batucada para o Mundo inteiro ouvir e isso, para mim, é uma das coisas mais
bonitas de se ver e ouvir. Que soem os tambores!
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