A minha redação do
ENEN: A Metamorfose
Não, essa não será uma redação
sobre o Senhor Kafka e sua neurótica barata. Longe disso, aliás, à bem da
verdade, esse conjunto de ideias e sentimentos juntos não pode nem mesmo ser
chamado de redação. Afinal não são seguidas aqui as normas e as regras que
engessam os dedos dos domados redatores em suas provas de língua portuguesa, ou
de qualquer outra língua. Aqui os dedinhos são livres e batem nas teclas que
mais lhe chamam a atenção. Aquelas que sorriem para eles.
Hoje é dia de ENEM, Exame
Nacional do Ensino Médio, coisa que não me preocupa há décadas, já que o tal Ensino
Médio vive na pré-história de minha existência. Sim, já sou uma “quase-senhora”.
Contudo, neste fim de semana, munido de uma coleção de canetas, água e certa
preguiça, (afinal quem sai animado para uma prova num domingo de sol? Ninguém
normal, bora combinar!), saiu pela porta o Lucas – a.k.a meu filhote.
Foi sozinho, como eu décadas
atrás ia para as provas de vestibular, porque já não precisa mais de ninguém que
o acompanhe pela cidade. Ele é gente grande, ou um “quase-adulto” como gosto de
chamar, com seus quase 1,85m de altura e a pouca vontade de nos acompanhar em
qualquer coisa que seja. E cá esta a minha metamorfose particular, meu momento
de mudança existencial profundamente bonita de ver: meus miúdos estão a virar
gente grande de verdade e o tempo não para de correr!
Lucas prepara-se para a
Universidade, Dedé já se senta e bebe ao meu lado como se isso fosse
completamente normal, (e o é com seus quase 20 anos), minha boneca, Gika,
começa o ensino médio em poucos meses. Segurei-me para não dar vexame em sua
Missa de Colação de Grau no último sábado, porém não prometo nada para o tal
dia da Colação a sério. Sinto tanto orgulho e tanta alegria de vê-los crescido
que em alguns momentos é difícil demais segurar e a tal felicidade transborda. Coisa
de tia-um-pouco-mãe-boba, eu sei. C’est la
vie!
Claro que sinto umas saudades
abissais do tempo que eles cabiam no meu colo e que andavam de mão dada comigo.
Eu era um porto seguro para eles e isso me fazia muito bem. Ah, sensação
inigualável é essa de ser amada sem restrições, não? Pois, apesar de tanta
saudade, amo profundamente vê-los crescer, muito mesmo. E não trocaria esses
pequenos momentos de um cotidiano que se renova a cada seis meses por nada
nesta vida. Nada mesmo.
Claro 2 que ainda tenho os meus
miúdos pequenos, Pedrão, Digo, Bi, Nico e Vivi, e que isso faz com que a minha
baratinha interior não enlouqueça e se sinta uma total pária no mundo atual.
Ainda tenho as mãozinhas pequenas a buscar pelas minhas no meio do caminho e
isso acaba com qualquer carência deste universo. Daí que não há quaisquer necessidades
de benzodiazepinas na minha vida e não haverá ainda por muito, muito tempo
mesmo. Oxalá!
Ao meu Lucas que saiu de casa a
reclamar que deveria fazer, por obrigação, a terceira redação numa semana.
Pois, cá vai uma de presente feita apenas por querer. Querer bem a vocês.
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