Meu Poeta
Queria ser Neruda para o mais belo poema escrever-te.
Se o poeta eu fosse, saberia falar de conchas e do mar,
de caracóis multicoloridos e de todas as mariposas que
dançam no ar.
Não sou Neruda, nem poeta,
nem homem.
E para o amor mais profundo faltam-me as palavras corretas,
as mais sonoras e belas.
Falta-me saber falar.
Podia ser Pessoa e pelo menos saber como fingir que por ti nada sinto;
e que minhas palavras tem outros destinos.
Se o Fernando eu fosse, saber que teus olhos pelas minhas letras passeiam
pouco, ou nada, me importaria. E para ti não escreveria tantas tolas linhas
posto que eu teria compreendido há muito que
todas as cartas de amor são ridículas;
e mais que todas o são as minhas.
Falta-me poder falar.
Podia ser o meu primeiro Carlos, o Drummond, e reconhecer que é vasto
o mundo e que há tanto para eu ver.
Tantas pernas, tantos homens, e pouco tempo para dar qualquer vazão ao meu
tímido querer.
Não sou nenhum dos meus Carlos, e vivo perdida na minha teimosia de crer
que melhor que todos, são raros e caros,
bens sagrados,
os meus sentimentos que são seus. Esse amor sem porquês.
Míope, falta-me ver.
Não sou poeta, nem sábia
e só o que sei é que não sei deixar de te querer
muito bem.
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