Trinta e minha Avó
Eu sei, eu sei,
a situação não está nada boa por aqui. E por aqui não quero dizer apenas minha
cidade, ou meu país; não senhor. A coisa anda feia no continente inteiro,
tristemente, de norte a sul. Pois, eu sei disso, contudo, já falei dezenas de
vezes sobre as nossas desgraças mui conhecidas, então, resolvi falar daquilo
que me faz esquecer um pouco a tal desgraceira que nos sufoca: o futebol.
Hoje é dia dos
avós, e não, não há nenhuma relação clara entre avós e futebol. Mas o fato é
que minha avó paterna, a Dona Luiza, fez de quase todos seus filhos corintianos
orgulhosos. E isso, casada com um palestrino verde desde a alma como ele só,
foi mesmo um feito. Ou seja, a minha paixão é culpa, ou mérito, da paixão de
minha avó, bem como de todo o seu amor e atenção para com seus filhos.
Minha avó Luiza
foi o último dos meus avós a ir-se para o céu, e eu não pude dela me despedir
porque fui tola. Porque não sabia nada da vida naquela época. Uma das coisas
que eu mais queria, profundamente, era poder me desculpar com ela. Mas tempo
não volta, eu sei. Por isso, em homenagem à minha avó Luiza, e aos meus outros
avós também corintianos, Estela e Mauro, hoje é dia de falar do meu Timão. O
Poderoso. (risadas)
O fato é que
estamos há trinta jogos sem perder nesse ano (cá estão os 30), e isso é
inacreditável para um time do qual pouco se esperava. Patinho feio dos
paulistanos em 2017, um time sem craques, nem mesmo meio-craques, em meio a uma
crise financeira e todo o etc. e tal. A verdade é que eu torcia para não ficar
no final da tabela do campeonato, e comecei o ano a dar graças a Deus pela
conquista do Paulistão. Única provável alegria do ano.
Surpresa! Pois não
é que montamos um time demais de bom da conta no quesito conjunto da obra e que
o Seu Fábio Carille anda a mostrar-se um jovem treinador de muito futuro, e de
um belo presente? Pois é. Devido ao grupo e ao Carille fizemos até o momento
algo inesperado, incrível mesmo: estamos invictos há 30 jogos e lideramos o
Brasileirão. Um feito dos bravos, ora pois!
Isso não quer
dizer que somos melhores do que todos os outros times brasileiros ou que
seremos campeões. Não, sei bem. Contudo, essa surpresa mais do que grata me
agrada. Ah sim, muito. Porque mesmo sem termos o melhor time no papel, no campo
somos difíceis, tinhosos, beiramos ao invencível. Quiçá tenha-me faltado um
pouco a modéstia. Talvez.
Bem, o certo é
que sei como tudo isso divertiria demais a minha avó Luiza. Sei
que ela riria, debochada como só, de todos os adversários do Coringão depois de
cada partida vencida, de cada empate suado. Ouço-te a gargalhar desde o céu,
vó. Vai Curintia!!!!
Aos meus avós, que hoje é dia deles. Aos meus pais que são avós também.
Y a mi defensor, Fabián Balbuena, mi general, que ha anotado un bonito gol mientras escribo. 😉
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