O Brado Retumbante
Há 195 anos, num 7 de setembro
longínquo, Dom Pedro I, montado em seu
cavalo branco (ou castanho dependendo da versão que abraçamos), ergueu sua
espada (ou seu chapéu) e declarou nossa independência num brado retumbante de
caráter duvidoso. “Independência ou Morte!”, teria dito ele . A verdade é que
ninguém estava verdadeiramente disposto a morrer por pátria alguma em Terras
Brasilis. E mais do que nossa independência, declaramos a adequação do status
quo vigente aos novos tempos que exigiam, pós Revolução Francesa e
Independência Norte Americana, a extinção das colônias nas Américas.
Assim, lá fomos nós a declarar
uma independência para gringo ver, planejada para que pouco ou quase nada
mudasse e, de Reino Unido de Portugal passamos ao status de Império governado por
Dom Pedro I, filho do Rei de Portugal. Eita independência questionável, não? Pois,
o fato é que mais do que prestar atenção no que se declara aos berros, em nosso
país, desde todo-o-sempre-amém, temos que prestar atenção naquilo que se sussurra
ao pé do ouvido. Somos a nação do conchavo, do acordo por debaixo dos panos,
das mentiras declaradas a plenos pulmões e das verdades encobertas.
Neste 7 de Setembro sombrio e
melancólico não há qualquer motivo para um pingo de orgulho patriótico sequer. Somos
uma nação de gente violenta, corrupta, preconceituosa e de um egoísmo ímpar. O
brasileiro pouco conhece o significado da palavra cidadania e dá mostras
diárias disso. Achamos que as leis são feitas para os outros e que o bem
público pode e deve ser explorado ao máximo em benefício próprio. Gostamos de
molhar a mão alheia para obter facilidades, de sonegar impostos e de ver sumir
de nossas vistas todo e qualquer símbolo que faça lembrarmo-nos de que somos
uma nação com muita gente pobre.
No Brasil é normal que as
mulheres sejam atacadas em locais públicos e em casa, que os homossexuais sejam
espancados e mortos apenas por existir. E, agora, nova modalidade, é comum que
os estrangeiros sejam hostilizados por buscarem abrigo aqui. Todos nós temos
medo de assaltos e de balas perdidas, nos escondemos atrás de muros a cada dia
mais altos e achamos “normal” termos carros blindados. Somos um povo aflito.
Em nossas terras a corrupção atingiu cifras invejáveis, e os números e os casos são tantos que fica difícil mantermos uma visão clara do que está acontecendo. Lula roubou, Dilma roubou, Temer rouba e Calheiros também. Cabral Filho roubou muito, Gedel e Cunha também. Nuzman roubou e espero o nome de Paes e Pezão também. Fica mais simples, e talvez correto, deduzir que todo político brasileiro e seus comparsas empresários formam uma grande quadrilha. Somos um bando de ladrões.
Hoje não há motivos para celebrar
e se há algum brado a retumbar, certamente, este é o som de nossa desesperança
e desespero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário