Meu padrinho, Antônio, e seu neto, meu primo, Dani. |
O Padrinho Mágico
Meu mundo nunca
existiu sem a figura de meu padrinho, meu tio Antônio Lazzaro Ballesteros Diaz,
muito presente na minha memória como ícone de uma personalidade a seguir e
admirar. Seja porque fora sempre muito presente em nossas vidas, ou porque na
minha infância ele era o único homem que tinha uma tatuagem no braço. Seja
porque tocava pandeiro e contava piadas como ninguém, ou porque era decidido e
impunha-se. Não sei bem.
Eu, de menina, olhava
a tatuagem de soslaio como se fora falta de respeito mirá-la descaradamente. A
admirar a declaração de amor à minha madrinha, símbolo da rebeldia que naquele
homem havia, pensava o quão corajoso e maluco era meu padrinho. Ele era tudo,
menos um homem comum. Não senhores. Meu padrinho era muito diferente de todos. Ele
era múltiplo.
Seu Antônio, o
Balê, era genioso, cheio de personalidade, e um homem capaz de um amor e um
carinho que beiravam ao infinito. Não creio que era fácil viver com alguém tão
cheio de opinião, de força e vida como ele, entretanto, tenho plena certeza de
que a vida a seu lado era sempre única.
Ele era um senhor
de família espanhola de pandeiro na mão a cantar sambas com voz melódica e
bonita. Careca desde que eu me entendo por gente, meu tio Antônio nunca deixou
de ser um moleque irrequieto; um adulto que brincava. Ele era capaz de subir alto
no telhado apenas para dar vida a uma piada, a fazer o que nenhum dos outros
adultos faria porque a prudência não o comandava o tempo todo. O meu tio Balê
em tudo que fazia era um homem muito sério que era pouco capaz de passar um dia
sem, da vida, fazer graça.
Eu o admirava. Admirava
sua capacidade de ser querido por todos, de passar um tempão a nos fazer rir,
por cantar tão bonito de violão nas mãos, e por contar milhões de vezes, cheio
de paciência, a mesma piada para o meu irmão, bem miudinho, que pedia sempre
para ouvir repetidamente a estória do menino na bicicleta e se ria a ouvir o
final: “Mira mamá, mira. Sin
los dientes!”.
Mira tío, que ya te echamos
mucho de menos. ¡Qué estés con Dios! Contigo siempre estaremos.
Te llevo em mi corazón.