Elucubrações das
Minhocas que Moram na Minha Cabeça
2019: O Ano mais triste de todos?!
Por algum motivo
incompreendido em sua completude pela minha cachola, decidi n’algum dia deste
ano não falar das desgraceiras que nos assolavam. (Eita ano movimentado esse!) Verdade
que trisquei no assunto aqui e acolá nas minhas queridas linhas-nada-bem-traçadas.
Porém, nada de escrever com foco único sobre as tragédias de modo piegas e
pouco racional. Feito princesa na torre, ando um tanto adormecida para o mundo.
Acho que é o tal ano sabático, e estou a tirar férias de mim mesma.
Contudo, a insistência
da repetição de fatos de quebrar o coração atiçaram a sanha preguiçosa das
minhas minhocas a meados do mês de Março e não me foi mais possível segurar:
sinto-me psicológica e fisicamente assolada por esse trem de fatos pesarosos. Sendo
assim, 2019 ganhou, para mim, em poucos meses, o título de ano mais triste de
todos os tempos.
Brumadinho em
lama, aviões a cair, a cidade onde cresci debaixo d’água e antigos companheiros
de escola a perder tudo, tiros disparados por uma criança numa escola a matar outras
crianças numa cidade aqui ao lado, tiros numa mesquita do outro lado do Mundo;
Moçambique, Zimbábue e Malaui alagados e um tanto esquecidos pelos homens virando
um mar de lágrimas... O que mais teremos que ver neste ano d’olhos afogados por
tanta tristeza?
A verdade é que
espero não ouvir mais notícia alguma em 2019 porque para mim já atingimos a
cota de fatos ruins com os quais podemos lidar no espaço de 12 meses sem cair
em profunda depressão. E não importa se a tal coisa ruim acontece numa rua na
qual andei de bicicleta na infância ou num país onde jamais pisarei. O sofrimento
de outras pessoas, de outros povos, dói também no peito da gente porque neles
nos vemos sempre. Somos feitos da mesma força que nos faz continuar apesar da fragilidade
de nossa existência.
Sei que muita
gente sofre e morre todo santo dia sem que ninguém saiba porque a vida ou a
morte desses não chegou a ser tão interessante assim para sair nos jornais. Sim,
há aqueles que sofrem e morrem feito passarinho a piar tão baixinho que nunca
são ouvidos. E isso será muito mais cruel do que qualquer sucessão de tragédias
narradas nos jornais depois do jantar. Então, mais do que não ouvir nenhuma
notícia ruim, peço a Deus uma trégua para o resto desse ano que já viu mortes
demais. Uns meses em que a maldade e os desastres, em momento sabático, se
esqueçam de nós e tirem férias da nossa Terra.
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