Idiossincrasias Medicinais
Sem saber se há
qualquer porquê que justifique, não gosto de remédios e médicos. Ou melhor
dizendo, já que não tenho nenhuma aversão para com os homens e mulheres que se
dedicam à tal profissão, não aprecio de maneira e forma alguma essa estória de
empurrar goela abaixo um bocado de química para curar o que afeta o meu corpo. Seja
por cisma, ou por conhecimentos adquiridos em outras vidas (para quem nisso
acredita) evito os remédios como se venenos fossem. Remédio é algo que tomo
quando não encontro qualquer outra saída; sempre.
Sendo assim, a
seguir a tal filosofia, para amenizar e tratar uma rinite assanhada pelo ar
poluído de São Paulo depois de quase um mês sem chuva, busquei a medicina
chinesa. Fato que quiçá denote minhas tendências esquerdistas, quem sabe? Brincadeiras
à parte, o fato é que aprendi há tempos que sem remédios e com algumas agulhinhas
espetas na pele (ou coisa que o valha) muita coisa se resolve, e que simpatizo muito
mais com a ideia oriental de tratarmos corpo e alma como um todo a buscar o equilíbrio
dentro do conjunto, do todo que somos nós.
Sou então um ser
equilibrado? Não. Longe disso. Estou mais para figura cubista saída da mente de
Picasso, cheia de exageros e pontos tísicos que desaparecem no conjunto da obra.
Sinto muito, penso muito, e misturo pensamentos e sentimentos como quem com o
cérebro sente. Aliás, com o cérebro sinto; sentimos, não? A verdade é que, como
muita gente, sou, depois de todos os anos vividos, o resultado de minhas idiossincrasias
porque à elas me apeguei e por elas nutro delicado afeto.
Sei que tenho
minhas manias e que vivo num mundo criado por mim. Um mundo onde não há espaço
para as Kardashians (nem sei quantas são), não toca música alguma das duplas de
música, sertaneja ou não, que fazem sucesso no meu país, não passou Game of Thrones
na TV (achei chato e clichê demais depois de três capítulos assistidos), onde
livros são mais importantes e muito mais caros do que bolsas, joias e sapatos;
um mundo onde nunca se é velho demais para os desenhos animados, para brincar,
e para todas as bobeiras que me fazem rir. Um mundo onde o presente mais bonito
e valioso que ganhei na vida foram canções.
Pois, com a tal
ida ao “médico chinês”, que na verdade é brasileiro e meu querido amigo,
descobri que alguns dos órgãos andam a sofrer por conta da minha ansiedade (sim,
sou estressadinha desde sempre) e que através da minha vesícula se vê que sou
muito decidida. Verdade, sou mesmo decidida. Só não sabia que a vesícula podia
caguetar qualquer coisa sobre a minha personalidade; a tagarela. O fato é que a
única coisa que está a funcionar às mil maravilhas é a tal da cagueta da vesícula
que não sofre mal algum devido à forte personalidade contida no frasco pequeno
que ela habita.
Bom, pelo jeito,
vou morrer sem grandes dúvidas a levar para a outra vida, de um infarto do
miocárdio, cheia da minha decidida teimosia. C’est ma vie!
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