sexta-feira, 29 de maio de 2020
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Retorno
Retorno
Cheguei sem pedir licença a abrir portas
a abrir janelas
para que por elas entrasse o meu sol equatorial do meio-dia
Sem saber dos porquês
num dia qualquer de verão cheguei sem ser convidada
Depois de vagar
por uma vida inteira cheguei com malas pesadas,
com todas as minhas tralhas...
flores
livros
poemas
e discos como se esse fosse o meu lugar
Cheguei sem avisos e sem saber para onde estava indo
sem saber que um dia
depois de tanto querer, de muitas tentativas,
eu não saberia mais
como voltar
domingo, 24 de maio de 2020
quinta-feira, 21 de maio de 2020
60 dias e deixando de contar...
60 dias e deixando
de contar...
Em meados de
março o mundo parou em Terra Brasilis. Bom, infelizmente, e como de costume, nada
é muito claro ou certo quando se fala sobre o Brasil e, assim sendo, nessa
nossa parada há muito movimento. Ou seja, parar não paramos direito. Pois,
agora descobrimos que, para além de não sabermos eleger presidente nem tomar
conta da gente, como cantou o Ultraje a Rigor, não sabemos parar e, à la Dom
Pedro I, ficar em casa para o bem maior de todos nós.
Sendo assim,
mais de dois meses depois do tal toque de recolher não temos qualquer ideia de por
quanto tempo mais o tempo, por estas bandas, ficará parado. Aliás, ter qualquer certeza em Terra de Santa
Cruz é algo raro. De certo sabemos, apenas, que não sabemos para onde
caminhamos como nação. Andamos bêbados e apatetados sem qualquer direção.
Então, desgovernados,
sem alma responsável que mostre alguma preocupação verdadeira com o destino dos
cidadãos brasileiros, nos quedamos trancados dentro de casa por tempo
indeterminado enquanto, lá fora, o Bang Bang à brasileira na política come
solto. Saraivadas de besteiras e impropérios, rajadas de medidas descabidas por
todos os lados, muito papo furado e pouca, para não dizer nenhuma, ação que nos
ajude a sair da tal situação. Um caos enquanto os números de adoentados e
mortos por Covid-19 escalam rapidamente rumo a um pico que nos parece imenso.
Eu, por minha
parte, ando com uma tolerância muito pequena para com a abundante estupidez
brasileira venha ela de onde vier, direita ou esquerda. E, sendo assim, ando a
ignorar a existência da humanidade sempre que posso. Cansei, sinto muito. Ou melhor,
a cada dia sinto menos.
Egoísta, e
trancada no meu mundo particular, preocupam-me a saúde e o bem-estar dos meus,
minhas plantas e flores do jardim, o trabalho bem feito e o almoço de domingo. Têm
a minha atenção e me divertem os amigos e a família, mesmo que de longe, os
filmes, os livros e toda a música que eu consigo ouvir. Mundo pequeno e meu hoje
é o meu mundo; simples assim.
quarta-feira, 13 de maio de 2020
LIBERDADE
Fernando Pessoa visto de uma maneira diferente e mais uma vez, porque tudo de Fernando jamais será o bastante. Saudades imensas da liberdade minha.
Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
segunda-feira, 11 de maio de 2020
Secos
Seguem secos meus olhos de céu sem nuvens
sem mar
sem vários bancos e uma mesa de bar onde a alma
derrame
a poética verborragia frenética que apenas os ébrios sabem.
E tudo faz sentido
E nada faz sentido
Sem você,
sem vocês, sem eles, elas e todos os outros
sem nós... Piedade!
Sem a possibilidade de ver ao longe meus olhos acabrunhados esqueceram-se
de como é o chorar
falta-me a visão sem fim à beira mar
e a completude da imensidão vazia e silenciosa do sertão
avermelhado
para que eu possa respirar
sufoco
Seguem secos meus olhos que para respirar
precisam de muitos passos
do mundo
e de espaço
quarta-feira, 6 de maio de 2020
sexta-feira, 1 de maio de 2020
Cais
A alma se enche quando uma canção
que sempre foi querida ressurge com nuances novas e surpreendentemente mais
delicada, genial, simples e bela. Cais está nos meus ouvidos há muitos anos,
contudo, com essa nova versão percebo mais claramente o quanto ela diz de mim e
para mim. Apaixonei-me por Cais e Milton Nascimento mais uma vez. E o mergulho na sonoridade que ele, Criolo e Amaro Freitas nos deram é de uma intensidade única, fazendo a canção ecoar no peito por muito tempo.
Criolo nos representa,
me representa, como poucos na cena cultural brasileira. Meu Buda!
Cais
Milton Nascimento
Para quem quer se soltar invento
o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento Lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de
encontrar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero
mais
Tenho o caminho do que sempre
quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
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