segunda-feira, 11 de maio de 2020




Secos


Seguem secos meus olhos de céu sem nuvens

sem mar

sem vários bancos e uma mesa de bar onde a alma

derrame

a poética verborragia frenética que apenas os ébrios sabem.

E tudo faz sentido

E nada faz sentido

Sem você,

sem vocês, sem eles, elas e todos os outros

sem nós...      Piedade!

Sem a possibilidade de ver ao longe meus olhos acabrunhados esqueceram-se

de como é o chorar

falta-me a visão sem fim à beira mar

e a completude da imensidão vazia e silenciosa do sertão avermelhado

para que eu possa respirar

sufoco

Seguem secos meus olhos que para respirar

precisam de muitos passos

do mundo

e de espaço



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