Semana a viajar sem sair muito do
lugar
Depois de muito
tempo a ouvir notícias pelo rádio do carro, voltei a ouvir música. Não sei bem
porque deixei minhas canções de lado. Foi algo ao feitio de um luto que durou
mais tempo do que deveria. Não, ninguém morreu. Bom, muita gente morre todo
santo dia, apenas, por sorte extrema numa época como essa, ninguém muito
próximo a mim morreu ultimamente. Simplesmente havia abandonado à música como
minha companheira diária e, da mesma maneira, simplesmente a retomei.
Nessa semana
voltei a cantar ao volante e percebi, Dias de Raiva a soar e o velocímetro a
120 km por hora, que continuo a não ter maturidade para ouvir rock e dirigir ao
mesmo tempo. Pé no freio. Passo para algo mais tranquilo, a assassinar com
minha voz as canções de Nando Reis e os Tribalistas para baixar o ritmo e
deixar a viagem mais segura.
Velocidade mais
baixa e corre a mente a vagar. As minhocas da cachola se animam a discutir, entre
elas, Dark, a série. Sim, assisti e gostei muito, muito mesmo, por alguns
motivos. Primeiro, porque ver a Física de Albert Einstein e Erwin Schrödinger
como pano de fundo de uma séria é algo acalentador para o cérebro. Perceber que
a realidade e a verdade pré-estabelecida podem e devem ser questionadas é um
exercício que deveria ser diário a todo ser humano. Segundo, porque não houve
um apelo ao lugar comum do sentimentalismo banal em detrimento do enredo, amém.
Por último, porque a assisti em alemão por respeito à originalidade do texto,
com a ajuda gigantesca de legendas em inglês já que meu alemão é sofrível, (vá
lá alguém compreender a lógica da minha cabeça que, por motivos inerentes à ela
própria, apenas se permite transitar entre algumas línguas – alemão para o
inglês, francês para o espanhol), depois de 02 anos de estudo.
Ver algo que me
agrada em alemão é uma satisfação curiosa para o meu cérebro. Já que estudar
para mim foi sempre um prazer até o momento no qual a tal língua de Goethe se
colocou no meu caminho. Estudar alemão tem sido um desafio porque até o momento
não consegui encontrar a beleza deste idioma. Como brinca o amigo tuga, João: “alemão
não é uma língua, é um mal que afeta a garganta da gente.” Pois, talvez a
racionalidade precisa dos germânicos não seja muito cara para nós latinos de alma
e coração. Pode ser. Contudo, o tal idioma de Einstein tem me feito compreender
melhor os limites de cada ser humano, a conhecer mais de perto os meus limites.
Em época na qual
a viagem pelo mundo não passa de desejo; viajar pelos labirintos da cachola tem
sido uma fuga curiosa e bem-vinda. Que venham os livros, os filmes, os discos,
bitte!
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