Paixão em Campo
(os Macaquitos
mandam abraços e bananas)
Voamos para a
Argentina de asa quebrada; feridos. Time cheio de baixas a ponto de ser difícil
imaginar que teríamos uma boa chance contra o Boca Juniors em La Bombonera. Seria
uma guerra, árdua luta que dependeria muito mais de garra, alma e sorte do que
da bela habilidade com a bola nos pés.
Fomos imbuídos
do espirito alvinegro corintiano e assim entramos em campo. Ou seja, não
importava muito a forma, jogar bonito não era a meta, muitos gols a nosso favor
nem pensar. O objetivo era segurá-los e sairmos da casa de Maradona classificados;
o que já seria um feito, fato consumado apenas uma vez pelo Santos Futebol
Clube de Pelé.
Fomos, vimos la
Bombonera abarrotada cantando como sempre, sem arrefecer, e vencemos!
Zero a zero no
tempo regulamentar depois de Benedetto ter perdido um pênalti na trave direita,
(e sim, eu acredito na intervenção divina e depois do penal perdido por Roger
Guedes na nossa Arena, o certo, o justo, aquilo que São Jorge e São Cássio
permitiriam, seria a igualdade para os dois times e nada de gols).
Disputa levada à
cobrança de pênaltis, a la copa do Mundo de 1994. Não gosto disso de decidir
qualquer partida assim, contudo, estava claro desde o começo que assim deveria
ser. Nós tínhamos o Gigante a fechar o gol e uma vontade ímpar de vencer.
Nervos à flor da
pele, coração disparado a cada cobrança e algumas unhas perdidas. Mesmo sabendo
que sina de corintiano é essa, sofrer e seguir em frente já que vencer quando
ninguém espera, sem muitas condições para tal, é o que nos agrada; os nervos
sempre nos acompanham.
Benedetto nos
ajuda mais uma vez, e a la Mundial de 1994 homenageia Baggio e bate o último pênalti
do Boca na Lua. Final da sequência de penais e mais uma vez empate. Cobranças
alternadas decisivas e, como de costume, o Gigante quadriplica de tamanho nas
decisões. Cássio defende uma boa cobrança e então...
Então Gil
caminha em direção a bola e faz seu gol. Boca desclassificado na Libertadores dentro
de casa, fato que acontecera apenas em 1963.
Linda lição do
destino, ver aos Hermanos mudos depois que o nosso zagueiro negro decretou com
os pés a derrota do Boca Juniors. Depois de termos presenciado cenas de racismo
em campo protagonizadas por tantos argentinos e outros, esse foi mesmo um desfecho
bonito de se ver.
Enquanto muitos
gritam macaquitos aos brasileiros em campo com a intenção de nos ofender,
eu de cá dou de ombros. Somos 5 vezes Campeões do Mundo, Campeões nas últimas 3
Libertadores e temos 5 times classificados para as quartas de final no
campeonato atual. Pelé foi e sempre será Pelé, negro, brasileiro e o Deus do
futebol.
Gil calou a Bombonera
e nós, os macaquitos, de cá continuamos a vencer e mandamos abraços e bananas
aos hermanitos cheios de inveja. Nós somos macacos muito competentes, somos
mesmo apaixonados por futebol e muito bons.
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