Miragens
Há imagens tênues e incertas que me habitam pela vida
E quando cerro meus olhos
Lá estão elas, por detrás da retina,
Fotos antigas
Amigas
Miragens desimportantes
lembranças queridas
O rosto do menino garçom num bar em Valparaíso,
ao perceber que eu falava espanhol,
cheio de alegria e alivio
O sorriso aberto do homem africano no Castelo de São Jorge
depois de um “obrigada e bom dia”
O homem velho sem camisa no outono escaldante pela manhã a
observar o dia no seu quintal
no meio do caminho de minha reunião um tanto cinza
O rosto da mulher que há mais de dez anos pedia dinheiro no semáforo
e me disse:
não fique triste menina; não há razões para isso na vida
Gosto dessas imagens que são só minhas
belos presentes dados de bom grado por que gente que não
conheço
apesar da dor
que em todos nós habita
escondida por detrás da retina
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