Aviso aos navegantes deste texto que ele não é para aqueles que acham que futebol é um esporte de bárbaros, de gente nada inteligente, definido como: um bando de marmanjos correndo irracionalmente atrás de uma bola. Pois o futebol é, e será sempre, uma paixão para todos que entendem o que acontece dentro do campo, seja este na Espanha, no Brasil, na África do Sul ou no Japão.
O futebol é um esporte onde podemos ver a lógica e a técnica realizadas de forma prática, instintiva e coreográfica assim como dançar. A demonstração do pensamento pelo corpo em movimento. O jogador, a conduzir e a ser conduzido por aqueles que bailam com ele, segue o ritmo da partida e baila com a bola na nossa frente. Não há corpo que possa ficar inerte e tudo se mexe: músculos, ossos, nervos e pele. Há as explosões velozes dos atacantes os quais disparam tal flecha rumo à meta como um Bolt jamaicano, há os gigantes da defesa que conseguem trançar-se entre as pernas dos adversários e roubar-lhes a bola quase a quebrar a teoria que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar e tempo no espaço, há o goleiro de reflexos mais rápidos que o pensamento com seus vôos de águia leves e certeiros e, há os passes em vetores de distância e velocidade perfeitos antes do gol derradeiro. Nós que estamos do lado de fora das quatro linhas santas, onde tantas vezes milagres acontecem, bailamos com eles. Pulamos, abrimos os braços, chutamos a bola num reflexo e seguimos os movimentos dos jogadores irracionalmente encantados a ouvir a mesma música que eles. Todos loucos para dançar.
Os incrédulos podem dizer: Ah, mas há os pernas-de-pau, há as partidas sonolentas onde nada acontece, há os frangos terríveis e fatais. Verdade, isso até há. Mas então temos outra importante razão para amar o esporte bretão: O futebol nos redime do nosso cotidiano sem fantasia ao trazer consigo a crença no impossível, no milagroso, no religioso. Sei que Deus não é só brasileiro, mas com certeza em nenhum outro esporte a fé e a crença num poder superior estão tão presentes. Os times têm seus santos padroeiros e, se seu time está em má situação você ora, une as mãos, ajoelha e pede em contrição verdadeira. Nos dias de jogo os amuletos estão invariavelmente presentes, e neste quesito vale tudo: Terço bento, bandeira, de camisa a cueca da sorte, lugar onde você se senta para assistir a partida, e pessoas que podem assistir o jogo com você ou não. E, num momento de salvação de uma vida inteira, momento de glória suprema, você grita repetidamente para o mundo ouvir: CAMPEÃO... É CAMPEÃO! E sente-se abençoado por Deus durante pelo menos uma temporada inteira.
Por fim, ter um time do coração é como pertencer a uma nação. É ter orgulho de feitos que você tem como seus, pois você faz parte desta nação e se enrola na mesma bandeira que seus compatriotas da bola. Na sua condição de torcedor, o que difere muito da de jogador, não há dinheiro que te faça trocar de time do coração. Essa é uma paixão cega e um amor fiel para a vida inteira.
http://vivizzzss.wordpress.com/2011/01/25/palavra-todo-santo-dia/
ResponderExcluirMAri...sendo seguidora e divulgando!
beijos!