A menina Maria nasceu como
milhares de outros meninos e meninas nascem todos os dias, e com ela, como com
todos os filhos e filhas deste mundo, vieram toda a felicidade e toda a
preocupação que chegam com o aparecimento de um amor que desconhece quaisquer fronteiras.
Pois, desde o momento que nascem seus filhos todo e qualquer mãe e pai têm uma
única certeza: eles nunca mais serão os mesmos. E ficam de pronto abestalhados
com o poder de sedução deste ser tão pequeno que os invade e os cativa para
todo o sempre.
E Maria sempre foi uma menina
especial, pois ela foi especialmente desejada, especialmente esperada e, antes
e acima de tudo, especialmente amada desde o primeiro minuto de existência
simplesmente por ela ser quem é; por sua existência. Menina filha de pessoas
que resolveram nela crer e por ela lutar de maneira incondicional e apaixonada.
E lutou-se por ela pôr muito tempo, desde muito antes dela existir, e ainda se
luta. E a pequena Maria luta também. Uma luta que jamais será justa por ela ser
ainda tão pequena e indefesa e porque há lutas que são injustas porque, desde o
princípio, sabemos que não poderemos vencê-las como gostaríamos. A vitória será
dura e parcial. Uma vitória que apenas Deus e o tempo nos farão compreender.
Maria nasceu anjo e,
como todo ser provido de asas, não ficará aqui por muito, muito tempo. A menina Maria, por suas qualidades aladas,
por pertencer aos céus feito passarinho, não poderá ficar aqui parada, presa à
Terra; e não há como impedir tal fato. Esta menina está além de onde estamos
nós hoje e, portanto, simplesmente, não nos pertence; Maria veio de visita. Ela
veio para mostrar sua força, para mostrar a capacidade incontestável e infinita
do amor, e sem usar palavra alguma conseguiu dizer tudo isso e muito mais a
seus pais.
Como sabemos todos nós, nunca
estamos preparados para dizer adeus para ninguém. Nunca o estaremos. E tal dor
e dificuldade tomam proporções oceânicas quando a este adeus inclui-se a
palavra filho. E por mais força que eu faça, não conheço palavras para descrever
tamanha prova divina e não consigo vislumbrar o tamanho deste sentimento. Sei
que será muito difícil, talvez, a parte mais difícil da vida até o momento. E
sei que tudo que posso fazer ou dizer será muito pouquinho, um quase nada.
Contudo, sei também que apesar de assim não o parecer, pois fisicamente não
será desta forma, Maria veio para ficar. Ela existe hoje e existirá para todo o
sempre no coração de seus pais e de toda família. Ela será parte deles. Maria
será sempre, e para todo o sempre, o mais puro e verdadeiro amor.
Um beijo especial e um cheiro
para a menina Maria e para seus pais.
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