sexta-feira, 15 de novembro de 2013

De repente


De repente o oceano é a distância real de todas as coisas,
tão distantes e quietas que aos poucos vão deixando de existir;
mínguam.
Caladas e borradas, as lembranças amarelam-se e
esvaem-se líquidas pelas mãos por mais que eu tente retê-las.
Queria poder retê-las. Queria poder reter o tempo
e abraçar apertado todos os bons sentimentos que durante anos
fizeram-nos felizes para que, assim, eles jamais pudessem
desaparecer.
Mas, de repente, não mais do que de repente,
a única coisa que existe, de todas as coisas que um dia nos pertenceram,
é o fato de haver
o Atlântico,
calado,
oceânico
e pensativo,
a dividir dois mundos que jamais estarão unidos,
juntos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário