Fernando Pessoa é uma de minhas
paixões, uma daquelas que começaram na adolescência e que não têm tempo para
terminar. Uma admiração que, como o objeto desta, multiplica-se com os anos e
amplia-se, e que muito ao revés deste cavalheiro, não é nada única ou
particular. O Mundo admira a este poeta desde muito antes de eu respirar pela
primeira vez e, com certeza, assim o será muito depois d’eu cerrar os olhos pela
última. Isso, porque Pessoa foi um gênio tal como o foram Mozart, Gaudí, Michelangelo
e Einstein, por exemplo. Ele foi, e o é, inacreditável.
Eu, por minha vez, admiro-o tanto
que já dei por falar sobre este Senhor ou citá-lo inúmeras vezes. E, isso não
quer dizer que eu saiba e entenda muito sobre este homem, não. Quer dizer que
ele me é um enigma, que me encanta todas as vezes que o leio e releio como
hoje; e que muito de todo este encantamento advém do fato dele parecer-me algo
difícil de entender ou explicar. Eu não quero entendê-lo, não tenho tal pretensão. Quero,
apenas, senti-lo. Sentir alguém que, para mim, se assemelha às Cordilheiras dos
Andes pelo tamanho de sua obra, e que me faz pensar, “Meu Deus, como isso é
possível? Que engenho mágico é este homem pelo Senhor feito?”.
Por mais que eu o leia e releia,
não consigo atinar como um único homem foi capaz desta imensidão que é a obra
de Pessoa, não só por seu volume e diversidade, mas também por seu teor e pela
força que as palavras escritas por ele têm, até hoje. Envergonho-me dos meus
rabiscos, mas conformo-me quando lembro que a intenção destes é apenas terapêutica,
nada mais. Escrever impede-me de enlouquecer. Por outro lado, sinto orgulho de
ter como minha a língua de Fernando Pessoa, e creio piamente que todos os
portugueses deste mundo deveriam sentir-se grandiosos por compartilharem com
ele não apenas as palavras, mas também as ruas, os cafés, o falar metálico e
melancólico, a visão do Tejo... Enfim, por serem eles uma parte do maior poeta
desde sempre.
Sem regras, conceitos ou teorias
para explicá-lo, gosto de ter Fernando em minhas mãos apenas pelo prazer de
tê-lo. Apenas para sentir o quão gigantesco foi aquele homem de talhe tão pequeno
e de alma oceânica. Ao ler Pessoa, tenho a sensação que as palavras fluem nele
como se dele elas nascessem. Como se antes de ser constituído de ossos e
carnes, este homem português tivesse sido feito de palavras e letras. Fernando
Pessoa nasceu homem, mas foi durante toda a sua vida um poema. Por isso, digo e
repito: Eu adoro ler o Fernando Pessoa.
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