Pedro, no dia da sua graduação, e Lucas. |
Nesta semana meu Pedro
graduou-se. Assim dito, parece algo feito por um homem, eu sei. Soa como um
passo que definirá uma vida inteira, e já imaginamos um rapaz, alguém quase
feito homem, a abandonar a escola para mergulhar na vida como ela será daquele
instante para frente. Mas não é nada disso, ainda bem. Pedro, agora, já sabe ler
e escrever. Melhor dizendo: Pedro está aprendendo a ler e, com o final da
alfabetização, concluiu com êxito o primeiro e mais importante passo no mundo
das palavras, textos e letras.
Com seus seis anos, o meu afilhado graduou-se
em algo que parece muito menos importante do que qualquer universidade aos
olhos alheios. Entretanto, visto de perto, por aqueles que com ele compartem a
vida, percebe-se a maravilha deste momento único. Um homem pode graduar-se
dezenas de vezes em dezenas de universidades por este Mundo, já um menino
deixar para trás sua primeira infância e ser capaz de ler pela primeira vez...
Bem, isso acontece apenas uma vez. Há um ano Pedro desenhava seu nome, alguns
nomes, o meu nome também. Hoje, Pedro lê e começa a escrever as ideias que lhe
passam pela mente. E isso é muito mais bonito do que qualquer diploma que se
possa dependurar na parede, não?
Ainda lembro-me de quando Lucas
começou a ler e da felicidade que eu sentia quando ele seguia a ler todas as
placas que conseguia, sentado no banco de trás do meu carro, enquanto eu dirigia.
Lembro-me que fomos a uma livraria e que ele escolheu um livro sobre
dinossauros para ler. Sete anos separam meus dois meninos leitores; e eu mudei
muito neste tempo todo. Lucas mudou tremendamente, também, e é hoje um rapaz
que não se podia adivinhar no menino de seis anos de idade de então. Pedro
deixou de ser o bebê que eu carregava e cujas fraldas eu amava trocar e hoje já
não cabe no meu colo e lê. Apesar de eu não gostar nada de envelhecer, agradeço
ao tempo por ter me dado o presente de ver a vida dos meus pequenos a se fazer.
Claro que há muitos outros
acontecimentos importantes já ocorridos na vida dos meus meninos, de todos
eles. E, é claro também que há milhares d’outros momentos tão ou muito mais
importantes que estão por acontecer. Contudo, para mim, que amo as palavras
profundamente e que sempre amei aprender, vê-los ganhar a possibilidade de
descobrir o mundo e tudo que nele já aconteceu, sozinhos e por seus próprios
caminhos, é encantador.
Sei que eles talvez não gostem
tanto da escola como eu, pois que gostar de escola anda algo muito démodé. Pedro gosta muito dos livros, mas, é óbvio que
ele prefere os games, a bola e os carrinhos do que aprender, eu sei bem. Lucas
está de castigo ainda às voltas com os livros porque “ficou de recuperação” na
escola; não puxou à tia neste quesito, fazer o quê? Talvez isso de escola seja
coisa para meninas, talvez.
Porém, isso pouco importa no
final das contas. Porque a beleza da vida reside no fato dela não ser perfeita
e, por isso mesmo, tão maravilhosa. Os nossos meninos aprendem muito conosco e
nós... Bem, nós aprendemos com eles a ser gente grande a vê-los crescer; e isso
é o que importa.
Nós, seis anos atrás. |
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