domingo, 1 de dezembro de 2013

As primeiras estórias de Pedro

Pedro, no dia da sua graduação, e Lucas.


Nesta semana meu Pedro graduou-se. Assim dito, parece algo feito por um homem, eu sei. Soa como um passo que definirá uma vida inteira, e já imaginamos um rapaz, alguém quase feito homem, a abandonar a escola para mergulhar na vida como ela será daquele instante para frente. Mas não é nada disso, ainda bem. Pedro, agora, já sabe ler e escrever. Melhor dizendo: Pedro está aprendendo a ler e, com o final da alfabetização, concluiu com êxito o primeiro e mais importante passo no mundo das palavras, textos e letras.
 
Com seus seis anos, o meu afilhado graduou-se em algo que parece muito menos importante do que qualquer universidade aos olhos alheios. Entretanto, visto de perto, por aqueles que com ele compartem a vida, percebe-se a maravilha deste momento único. Um homem pode graduar-se dezenas de vezes em dezenas de universidades por este Mundo, já um menino deixar para trás sua primeira infância e ser capaz de ler pela primeira vez... Bem, isso acontece apenas uma vez. Há um ano Pedro desenhava seu nome, alguns nomes, o meu nome também. Hoje, Pedro lê e começa a escrever as ideias que lhe passam pela mente. E isso é muito mais bonito do que qualquer diploma que se possa dependurar na parede, não?

Ainda lembro-me de quando Lucas começou a ler e da felicidade que eu sentia quando ele seguia a ler todas as placas que conseguia, sentado no banco de trás do meu carro, enquanto eu dirigia. Lembro-me que fomos a uma livraria e que ele escolheu um livro sobre dinossauros para ler. Sete anos separam meus dois meninos leitores; e eu mudei muito neste tempo todo. Lucas mudou tremendamente, também, e é hoje um rapaz que não se podia adivinhar no menino de seis anos de idade de então. Pedro deixou de ser o bebê que eu carregava e cujas fraldas eu amava trocar e hoje já não cabe no meu colo e lê. Apesar de eu não gostar nada de envelhecer, agradeço ao tempo por ter me dado o presente de ver a vida dos meus pequenos a se fazer.

Claro que há muitos outros acontecimentos importantes já ocorridos na vida dos meus meninos, de todos eles. E, é claro também que há milhares d’outros momentos tão ou muito mais importantes que estão por acontecer. Contudo, para mim, que amo as palavras profundamente e que sempre amei aprender, vê-los ganhar a possibilidade de descobrir o mundo e tudo que nele já aconteceu, sozinhos e por seus próprios caminhos, é encantador.

Sei que eles talvez não gostem tanto da escola como eu, pois que gostar de escola anda algo muito démodé.  Pedro gosta muito dos livros, mas, é óbvio que ele prefere os games, a bola e os carrinhos do que aprender, eu sei bem. Lucas está de castigo ainda às voltas com os livros porque “ficou de recuperação” na escola; não puxou à tia neste quesito, fazer o quê? Talvez isso de escola seja coisa para meninas, talvez.

Porém, isso pouco importa no final das contas. Porque a beleza da vida reside no fato dela não ser perfeita e, por isso mesmo, tão maravilhosa. Os nossos meninos aprendem muito conosco e nós... Bem, nós aprendemos com eles a ser gente grande a vê-los crescer; e isso é o que importa.

Nós, seis anos atrás.

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