quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ferida



Ferida


Por que, mesmo sabendo que devo deixá-la lá

quieta, em paz,

eu coço esta ferida que me toma toda a pele outra

e outra vez?

Ela coça... coça contra a minha vontade e, dona de si,

ela sabe que me tem a mim; e não eu a ela.

E eu sei que a ferida vai doer se eu coçá-la, e com os dedos arranco suas cascas,

e brota novamente o sangue vermelho. Meu rio.

E dói. Dói e sinto a dor que já senti tantas e tantas vezes mais uma vez

Como se fosse a primeira. Choro.

Sei que vou chorar; ela sabe disso também.

E continuo a arrancar estas cascas e a deixar a pele nua,

em carne viva.

E choro o choro repetitivo e doído daqueles que sabem

que ainda não terminou todo o chorar.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Para que serve mesmo?


Para que serve mesmo?

Quando eu era criança, (já faz muito tempo, eu sei), os objetos significavam muito menos do que significam hoje, e eles para além de suas funções nos diziam muito pouco. Um sapato servia para calçar os pés, podíamos procurar aquele mais bonito ou o que mais nos agradava. Podíamos até mostrar nossas opiniões através do calçado que levavam nossos pés ou das roupas que vestíamos, mas o nome e o sobrenome dos tais e quanto eles valiam pouco importava. Bom, para mim não importava nada.

Porém, a vida mudou muito nas últimas décadas e as coisas passaram a ter um valor tão grande e tão fundamental para nós que passaram a ser a nossa felicidade e o objetivo de nossas vidas. Pois, estranho não? Muito estranho, sim senhor. E nessa vida guiada pelo capitalismo e pelo consumismo o importante é ter. E temos. Temos coisas demais, coleções de coisas; tantos objetos que nos falta espaço para guardá-los. E trabalhamos, feito loucos, para termos coisas que nunca nos satisfarão porque em um segundo a novidade envelhece e queremos algo mais moderno. E, de repente, a vida se resume ao dinheiro e àquilo que ele pode comprar. Anda a nos faltar muito conteúdo n’alma para precisarmos de tanto conteúdo externo a atulhar o universo, não?

 E, para quê? Alguém poderia, por favor, me explicar para que serve uma coleção de sapatos se nem chegamos a calçar muitos deles num ano inteiro? Por que uma pessoa tem uma coleção de carros se ela não pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo e um já seria mais do que bom? Para que temos tanta roupa no armário se algumas das peças chegam a se estragar e viram comida de traça sem dar ao menos uma volta fora de casa? Por que fazemos coleção de maquiagem, de calças jeans, de perfume, de relógios, de vestidos, de gravatas, de livros que não lemos, de comida que não comemos; de gente que nem conhecemos? E nada chega, nunca. Jamais chegará, não?

Pois, vale lembrar que ainda gostamos de coisas que não são coisas. Eu gosto, e sei que há muita gente que gosta também. Gosto de ganhar flor apanhada na rua de presente, de palavra bonita dita para mim, de abraço e da companhia dos que amo. Gosto de ganhar riso e não me importa nunca o valor monetário de qualquer coisa que eu ganhe. O que me importa são os sentimentos e as intenções que outro traz. Claro que tenho meus caprichos e meus vícios, e sei que gasto muito dinheiro com café, música, comida, livros, viagens e vinhos; eu sei. Mas, por estes dias, um amigo me perguntou o que eu mais gostaria de ganhar de alguém, aquilo que eu não pudesse comprar.  E a resposta: bom, nada que o dinheiro possa comprar. Gostaria de ganhar os bons sentimentos, um gesto, muita poesia, momentos. Quero ganhar, mais uma vez, canções feitas só para mim; isso sim. Quero uma coleção de canções para cantar por aí.


Sono



Sono

Meu sono sem sonhos, um sono sem fim
que todos os dias acorda em mim,
não sabe dormir.
Para ele eu canto, conto estórias de ninar
enquanto o balanço em seu lindo berço de véu azul da cor do mar.
Contudo, não há descanso para ele
e me canso.
Pois meu sono continua de grandes olhos abertos a fitar-me de perto;
desperto.
Sem descuidar de meus olhos por um segundo,
(menino valente e travesso)
ele foge de mim ao menor sinal de que eu queira dormir.
E desde longe ele me vigia, impiedoso,
meu sono sem sonhos que, na cama,
não se achega a mim.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Calle 13 - La Vida (Respira el Momento)




Respira El Momento
Calle 13


Uno nace mientras el planeta gira
Los pulmones abren la nariz respira
Escuchamos al mundo con todo su alboroto
Los parpados suben y los ojos tiran fotos
Si salimos de la cuna para dormir en la cama
Nos crecen los brazos como crecen las ramas
Como crecen las hojas nos crecen las manos
Como crecen los días cuando madruga temprano
Los segundos los minutos y las horas
Germinan así como los días empiezan y terminan
Los meses se disfrazan según el meridiano
Otoño invierno primavera verano
Y se ajusta el camino a nuestros pasos
Así como el agua se adapta a su vaso
Nuestro corazón se aclimata a la altura
Y nos adaptamos a cualquier aventura
Pueden sumar con prisa pueden restar con calma
Da igual porque las matemáticas no tienen alma
Aunque calculemos todo y le pongamos nombre propio
Nuestro espíritu no lo pueden ver los microscopios
Nadie se puede acobardar nacimos siendo valientes

Porque respirar es arriesgar
Este es el momento de agarrar el impulso
Las emociones las narra nuestro pulso

Respira el momento
Respira el momento

En nuestra galaxia la historia se expande
Desde lo más simple hasta lo más grande

Crecimos junto a los cuerpos celestes
Somos el norte sur este y oeste
Somos la tierra con todas sus huellas
Una súper nova entre todas las estrellas
Absorbemos la luz de los rayos
Mientras la clorofila navega por los tallos
Los grados y centígrados calientan los termómetros
A 150 millones de kilómetros
Hay una vía láctea repleta de neuronas
Porque reproducimos mas ideas que personas
No somos pequeños ni muy grandes tampoco
Somos muchos y también somos pocos
Somos el golpe cuando aterriza
Y también somos la piel cuando cicatriza
La muerte nunca nos venció
Porque todo lo que muere
Es por que alguna vez nació

Respira el momento
Respira el momento

En nuestra galaxia la historia se expande
Desde lo más simple hasta lo más grande

Lengua beso boca labio niño joven viejo sabio
Calvo rizo pelo lacio techo casa cielo espacio
Sexo orgasmo se humedece
Quizás nunca siempre a veces
Libro letra cuento narra ron con hielo o trago barra
3 Millones de latidos en un periodo mensual
Caminamos dando 10 mil pasos en un día normal
Crudo hervido asado frito birra iglesia rezo grito
Muy poquito demasiado corro vuelo salto nado
Puede llegar algún día el colmo de la biología
Vivir con sangre caliente pa morir a sangre fría

Respira el momento
Respira el momento

En nuestra galaxia la historia se expande

Desde lo más simple hasta lo más grande




La canción que me gusta oír muchas y muchas veces, otra vez, 
y una vez más. 

domingo, 14 de junho de 2015

O Monstro (3)



Todo monstro, mais dia menos dia,

dá sinais de vida.

O nosso, de uns tempos para cá, tem abanado o rabo

espalhafatosamente

feito cão que se alegra com a visão do dono.

Talvez ele não se saiba monstro

e não saiba que assim, abanando o rabo enorme,

ele quebra tudo ao seu redor. Talvez não.

Mas quando olhamos,

mesmo que de soslaio para o susto ser menor,

percebemos os cacos de fina porcelana espalhados pelo chão da sala de estar.

Cacos que não sabemos colar

porque ninguém nos ensina  a domar monstros direito.

Porque ninguém, na verdade,

sabe

o que se faz com o monstro que sai de dentro da gente,

mais dia menos dia,

a abanar seu rabo e a mostrar sua cara feia

e cheia de dentes.



À minha mãe, que anda a lutar bravamente com seu monstro particular.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Respira el Momento - Calle 13


Começo, Meio e Fim. Sempre.



Tudo nesta vida tem começo, meio e fim sempre; sempre mesmo. A própria vida o tem, pois que esta consciência presente de quem somos agora, a nossa identidade atual com direito a foto em documento e etc e tal, (cá em Terras Brasilis chamado de RG), um dia deixará de existir. Seremos outra coisa, algo que até chegamos a imaginar e que, dependendo da crença ou da imaginação, varia entre o nada absoluto e uma noção lírica de uma alma eterna que, às vezes, dá-nos direito a asas, auréolas e tudo mais. Contudo, seja lá o que nos espera depois desta vida, o fato é que esta vida já não será mais.

Entretanto, apesar da plena consciência da efemeridade de nossa existência, a verdade é que vivemos a ignorar que a morte é um fato tão seguro quanto, quiçá, próximo. Então, céticos seres com super poderes, nós ignoramos o verdadeiro valor do que importa porque cremos que tudo e todos estarão sempre ao alcance de nossas mãos porque temos e teremos sempre mais tempo; milhares de dias, vários e vários anos, um par de décadas para resolver qualquer questão, não? Sem o sermos, cremos sermos eternos e termos como garantido tudo o que hoje chamamos de nosso.

Pois, infeliz ou felizmente, as coisas não são assim.  Mais cedo ou mais tarde, por vezes cedo demais, perderemos tudo o que cremos nos pertencer: nossa casa, nossos discos, os livros que carregamos pela vida, a coleção de relógios ou sapatos, o gato, o cão, os amigos, a família; nossos filhos. E, neste momento, de nada, nada mesmo, adiantará chorar. Podemos chorar oceanos pelo tal leite derramado, por não termos feito as coisas de outra forma, por não termos sido mais compreensivos ou mais corajosos, por não termos sido mais sinceros ou por não termos tentado com mais força mudar. Podemos secar de tanto chorar, contudo, depois do fim nada nos restará e o tempo nunca, jamais mesmo, volta atrás.

Por isso tudo e porque me deparei hoje com algo dito por Bertolt Brecht – “Temam menos a morte e mais a vida insuficiente” -, e que muito me agrada, achei que valia a pena escrever para me lembrar e para vos lembrar do que é importante nesta vida tão delicada que nos foi dada. Importante é: estarmos com as pessoas que amamos e darmos a estes amores o devido valor.(Bora lembrar que o tal amor não é tão fácil de ser encontrado como parece e vale muito, muito mesmo?). São os beijos, os abraços, os carinhos e todas as risadas que damos com quem nos acompanha neste caminho. Fundamental é: fazermos o que gostamos e o que nos faz felizes nesta vida, aquilo que nos dá prazer. É estarmos perto da família e dos amigos, é brincarmos com nossos meninos toda santa semana. É aproveitarmos a vida, é vermos o Mundo, é aprendermos com as outras pessoas e com tudo o que os cinco sentidos podem captar.


Beijos encantados aos meus queridos. 




terça-feira, 9 de junho de 2015

Teu nome



Não digo mais teu nome

dizê-lo perdeu o sentido de tanto ter-lo dito. Tolo eco cego.

não digo mais teu nome.

redigo

bendito

reedito

maldito

não digo mais teu nome e de lábios cerrados sigo

a observar em silêncio

meu coração a afogar-se, mesmo sabendo ele nadar,

nas águas de meu mar particular,

agridoce e verde-claro.


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Calle 13 - Adentro


ADENTRO

Sé que mis rimas a veces causan disgustos
Cuando mis neuronas corren hasta yo mismo me asusto
Mis respuestas pueden ser tan agresivas
Que hasta las letras me huyen
Porque tienen miedo de que las escriban
No tengo rifles pa' matarte solo basta con la pista
Convierto letras en ideas como un ilusionista
En una línea te mato te fracturo te lesiono
Y en la siguiente te resucito cuando te menciono
Eso es parte de mi arte
Que todo el mundo sepa que estas rimas son pa' ti
Sin tener que mencionarte
No lo hago pa evitar el roce
Lo hago pa no hacerte famoso en los países
Donde nadie te conoce
Después de ver como se mueven las guerras y las guerrillas
¿Tú crees que le voy a tener miedo a tu pandilla?
Dispara cuando quieras raperito maliantoso
Aquí no gana el más maleante gana el más ingenioso

En tu cabeza tú eres un narco buscao' por la policía
Y tus pistolas son como los unicornios de fantasía
No hay problema en que tengas enemigos imaginarios
Pero si en que los chamaquitos crean que eres un sicario
Tú no has vivido tres carajos de dificultad en tu vida
A ti no te falto la escuela no te falto comida
Si la gente del Congo hubiera tenido tus oportunidades
Estarían grabados de las mejores universidades
Si te llevo de excursión pa la central africana
Luego de ver la guerra sales cantando líricas cristianas
Allá tu ropita de rapero tu gorrita de baseboll
Y tus cadenitas de maleante se derriten con el sol
O te llevo para Siria pa que sientas los bombazos
Y veas como dejaron a los chamaquitos sin brazos
Qué vas a hacer cuando a tu hijo lo pillen en la disco
Y sin delicadeza con una AK le exploten la cabeza
O que le borren la cara a tu hermano de forma violenta
O que limpien a tu mae con la corta y la cuarenta
Tú eres bruto cabrón rapeando sobre como volar sesos
En un país donde te matan por robarte un peso
No soy un santo rapeando ni mucho menos caballero
En algún momento rapeando maté a diez marineros
Pero en ese caso es diferente incitar el desorden
Por que cuando la tiranía es ley
La revolución es orden

Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro
Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro
Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro
Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro

¿Me quieres tirar? acá te dejo un par de acertijos
Le tengo miedo a las cucarachas y a los lajartijos
No me suenan hace años en la fucking radio en Puerto Rico
He sacado ya cinco discos y todavía no soy rico
Unos me llaman comunista demagogo cien por cien
La ultra derecha me odia la ultra izquierda también
Mi desempeño sexualmente está por el suelo
Después de burlarme de los calvos me estoy quedando sin pelo
Le dije hijo de puta al gobernador y aunque se lo merecía
En mi interior me arrepentí y no lo dije hasta hoy día
Antes de entender las desigualdades de las personas
Me compré un Maserati usado que ahora no funciona
Tengo jodido el crédito no me venden ni un café
Pa pagar otra mensualidad prefiero andar a pie
Soy como los boxeadores manejo mal el dinero
Invierto todo en mi carrera por que el arte va primero
Soy el más lento de mi familia, no soy brillante
Lucho por la educación, nunca fui buen estudiante
Le tengo fobia a los aviones, me gusta la política
Aunque diga que no me importan me duelen las críticas
A mi mejor amigo lo mataron en un cuartel
Tengo mucho que escribir y poco papel
Mi honestidad es color transparente
Me pueden ver por dentro con solo mirarme de frente
Puedes tratar de tirarme y hacer el intento
Aunque pa’ seguir siendo honesto
Yo soy el mejor en esto

Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro
Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro
Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro

Adentro, adentro bien adentro que la dejen adentro

terça-feira, 2 de junho de 2015

La mariposa



La mariposa


Vuela la mariposa sin rumbo en la vida

ebria por la luz de una luna desconocida.

Vuela sin miedos u dudas sin darse cuenta de que el tiempo

y la distancia eran tan gigantescos

que cerca de aquella luna lejana y encantadora ella jamás estaría.

Vuela la mariposa a través de olvidadas nubes cenicientas

que jamás lloverán. Ella vuela.

Vuela porque el único a que a ella le es concebido es volar

creyente en su destino

hasta el fin de sus días.