quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ferida



Ferida


Por que, mesmo sabendo que devo deixá-la lá

quieta, em paz,

eu coço esta ferida que me toma toda a pele outra

e outra vez?

Ela coça... coça contra a minha vontade e, dona de si,

ela sabe que me tem a mim; e não eu a ela.

E eu sei que a ferida vai doer se eu coçá-la, e com os dedos arranco suas cascas,

e brota novamente o sangue vermelho. Meu rio.

E dói. Dói e sinto a dor que já senti tantas e tantas vezes mais uma vez

Como se fosse a primeira. Choro.

Sei que vou chorar; ela sabe disso também.

E continuo a arrancar estas cascas e a deixar a pele nua,

em carne viva.

E choro o choro repetitivo e doído daqueles que sabem

que ainda não terminou todo o chorar.

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