Ferida
Por que, mesmo sabendo que devo deixá-la lá
quieta, em paz,
eu coço esta ferida que me toma toda a pele outra
e outra vez?
Ela coça... coça contra a minha vontade e, dona de si,
ela sabe que me tem a mim; e não eu a ela.
E eu sei que a ferida vai doer se eu coçá-la, e com os dedos
arranco suas cascas,
e brota novamente o sangue vermelho. Meu rio.
E dói. Dói e sinto a dor que já senti tantas e tantas vezes
mais uma vez
Como se fosse a primeira. Choro.
Sei que vou chorar; ela sabe disso também.
E continuo a arrancar estas cascas e a deixar a pele nua,
em carne viva.
E choro o choro repetitivo e doído daqueles que sabem
que ainda não terminou todo o chorar.
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