Todo monstro, mais dia menos dia,
dá sinais de vida.
O nosso, de uns tempos para cá, tem abanado o rabo
espalhafatosamente
feito cão que se alegra com a visão do dono.
Talvez ele não se saiba monstro
e não saiba que assim, abanando o rabo enorme,
ele quebra tudo ao seu redor. Talvez não.
Mas quando olhamos,
mesmo que de soslaio para o susto ser menor,
percebemos os cacos de fina porcelana espalhados pelo chão da sala de estar.
Cacos que não sabemos colar
porque ninguém nos ensina a domar monstros direito.
Porque ninguém, na verdade,
sabe
o que se faz com o monstro que sai de dentro da gente,
mais dia menos dia,
a abanar seu rabo e a mostrar sua cara feia
e cheia de dentes.
À minha mãe, que anda a lutar bravamente com seu monstro particular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário