Bombástico Mundo
Num mundo
profundamente materialista, onde a boçalidade deixou de ser defeito e figura
como qualidade esperada, um pré-requisito para todos aqueles que pertencem ao
século 21, parece que explodir-se, e explodir a tudo que nos cerca, deixou de
ser algo anormal. Afinal, entre a terça-feira da semana passada e este domingo
foram três os atentados à bomba e mais de 170 mortos, e a mim me parece que há,
definitivamente, uma nova agenda prolífera de explosões a ser seguida.
Ficam, então, a
retorcerem-se as minhas ideias e caraminholas a questionarem até onde chegaremos
antes que isso de bombas a minar a crença na humanidade cesse. Até onde teremos
que ir para que compreendamos, todos nós, que chegamos ao fim? Ou não haverá o
dito final e nós devemos, passiva e nada pacificamente, aceitar que esta é a
nova ordem mundial. Daqui para frente será assim: vivemos num mundo explosivo,
e teremos que admitir novos usos menos metafóricos da palavra bombástica.
Pois... Fica também
a dúvida de qual o peso real do tal materialismo inútil e desenfreado na
multiplicação de explosões covardes e injustas que pululam ao redor do mundo e
que podem acontecer em qualquer tempo e lugar; que podem vir a ocorrer aqui. Resta
também compreender mais claramente que não há mais um inimigo número 1 a
perseguir, posto que os líderes, em relação direta às injustiças cometidas ao
redor do mundo, multiplicam-se e pulverizam a noção, que hoje nos confortaria,
de que o mal tem uma face em especial. Ele não tem.
Sem inimigos ou
heróis definidos seguimos a nos blindar com desconfianças e muros altíssimos
contra tudo e todos em busca de uma tranquilidade e segurança utópicas em
tempos nos quais não há necessidade alguma de irmos à guerra para corrermos
risco de morte. Nesses tempos modernos e velozes é a guerra que vem, silenciosa
e inesperadamente, ao encontro de todos nós.
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