O amor não tem
cor, cheiro ou jeito certo para ser. Ele independe de raça e credo, e não tem
idade; é atemporal. Não interessa quem somos, o nosso jeito e o lugar onde
nascemos, porque nacionalidade e gênero não definem a forma como o amor deve acontecer.
Ele apenas deve acontecer infinitas vezes pelo tempo que tivermos a respirar sobre
a Terra onde vivemos.
O amor, na
verdade, é profundamente simples: ele é bom e não há porque evitá-lo ou negá-lo.
É algo belo e singelo como as canções de Cartola e todas as coisas boas que
saem sem preconceitos e medos da alma da gente. Amar é querer bem ao outro sempre,
e o sofrer e o egoísmo nunca deveriam fazer parte deste sentimento.
Porém, (e é uma chatice
isso de sempre haver os “poréns”), somos seres complicados por natureza e,
sendo assim, complicamos o amor que sentimos, e aquele que as outras pessoas
sentem, por conta dos nossos medos e receios. Criamos regras sem sentido e
razões irracionais com o intento de regulamentar algo que não requer norma,
modelo ou prescrição. Somos mesmo muito pedantes e intransigentes quando
queremos; e sem querer.
Por isso, vale lembrarmo-nos
de algumas regras que deveriam ser lei nessa terra de meu Deus. Regra 1: Só podemos nos preocupar com a vida alheia se
for para cuidar bem de quem está ao nosso lado; para perturbar não vale, tá?
Regra 2: Aceitar ao outro como ele é não é um favor que se faz por outrem, mas
sim, simplesmente, compreender que a beleza da vida reside no fato de que somos
diferentes e que são exatamente essas diferenças que trazem graça e cor para a existência
de todo e qualquer ser. Regra 3: Carinho, beijos e abraços nunca, e em tempo
algum, são demais e podemos e devemos dá-los para quem quisermos. Ninguém tem
nada com isso, ok?
E apesar de
ainda faltar muito para eu aprender a amar toda a gente, porque sou eu também
complicada demais. Amo a muita gente concomitantemente porque amor para mim não
mingua quando se divide, “au contraire mon amour”, ele multiplica-se e cresce. Amo
aos meus amigos, aos meus amores, aos meus filhotes e a minha família
profundamente e sempre. E não sei viver sem eles por perto porque a saudade é
sentimento que me invade a miúde e com várias formas e qualidades.
Um abraço sem
fim aos meus amores desta vida. Obrigada por tudo que me dão e por me aguentarem
tão rabugenta como eu sou. Amo-vos muito!
Há uma semana escrevia sobre a
vitória do Palmeiras sobre a Chapecoense depois de assistir ao jogo que definiu
o campeão do Brasileirão deste ano. De um lado meus adversários de toda a vida,
do outro um time pequeno e que ganhara a simpatia de todo brasileiro, que gosta
de futebol, por sua história e pela garra que apresentava desde sua ascensão à
primeira divisão do futebol brasileiro.
A Chape era, e ainda é, como um irmão
menor, o caçula brioso do nosso campeonato e me agrada demais da conta, como a
toda a gente, vê-la vencer e superar aos
grandes do futebol. (Menos ao meu Corinthians, claro!) Foi inenarrável ver o
guarda-meta Danilo a defender quatro pênaltis no jogo contra o Independiente da
Argentina meses atrás na Copa Sul-Americana. Amei ver a fumacinha verde de “Habemus
Finalista” a marcar a passagem da Chapecoense para a final do campeonato,
deixando o São Lourenço, time do Papa para trás.
E no domingo, dia sagrado e
sacramentado ao futebol, eu me programava para ver a peleja da quarta-feira
seguinte enquanto assistia a uma divertida participação do treinador da
Chapecoense, Caio Júnior, na TV. Torceria pela Chape, (claro2), pois queria
muito ver algo inédito no mundo da bola: a Chape campeã de um torneio
importante e classificada para a Libertadores em 2017. Afinal, como não se
apaixonar por nosso Leicester tropical? Últimos jogos do ano no Brasil, a semana
prometia ser cheia e decisiva para muitos times e a abstinência posterior de um
mês sem jogos já começava a me chatear.
Então, chegou a inacreditável
manhã da última terça e o coração parou assustado por alguns segundos. Como assim?
Como podiam todos aqueles meninos que eu vi correndo atrás da bola menos de 48
horas antes, e muitos outros, estarem mortos? Isso não estava certo, não era
justo. Não podia ser verdade. Era surreal demais e, portanto, não podia ser
real. Era absurdo demais para ser verdade, mas era. E deu-me aquela vontade que
me dá diante das tragédias: queria que o tempo pudesse voltar para trás.
Muitas coisas aconteceram nesta
semana. Algumas delas muito mais importantes para o país e seus cidadãos do que
o futebol. Eu sei. Sei que os nossos queridos canalhas de plantão em Brasília
não respeitam vivos e mortos e andaram a fazer das suas na calada da noite.
Gente de pouco caráter e nenhum coração. Contudo e mesmo assim, falar de
futebol ainda me pareceu muito mais importante. Falar de meninos comuns e que
gostavam de correr atrás de uma bola e que tiveram um destino cruel apenas pela
irresponsabilidade e a ganância de homens me parece muito mais importante.
Agora, cá dentro, fica um vazio
estranho e um punhado de dúvidas que espero sejam respondidas. Por que uma
empresa de viação aérea tão mal estruturada era indicada pela Conmebol aos
times sul-americanos? Que grande influência era essa junto a Confederação Sul-Americana
de futebol?