O Passeio
De alma escancarada passeia a moça pela calçada numa tarde de verão.
Calçada e ondas, passeio de ondas,
areia e nuvens que nos escapam pelos dedos
como todas as certezas movediças que se desmancham
com o tempo.
Águas que são seguras apenas pelas mãos.
Em silêncio ela caminha invisível e por seus poros, pela boca,
pelos olhos,
pela pele penetra vagarosa a luz morna e amarela do impassível
sol finito.
Ela a engole enquanto é engolida,
consumida ao passo que se consome.
E na luz some, diante dos olhos que não veem,
a menina que de alma
alagada passeava pela calçada.
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