Pronomes
De um repente, feito golpe na nuca, chega-me,
numa tarde chuvosa,
a completa compreensão de quem sou;
de quem fui por anos e anos a fio.
Um erro da língua portuguesa!
Horas, dias, meses e anos dedicados à insensatez
de construir, parva e cega,
uma gramática para a minha ilusão;
a minha mais querida e acalentada ilusão sobre
como deveriam ser utilizados os pronomes eu e você.
Equivocada na construção pronominal, utilizei em tantas
frases
o nós certa de que esta era a forma precisa para expressar
tamanha comoção que aqui e aí havia. Interpretação falhada;
eu sei.
Assim, nunca me dei conta,
de que em nossas contas sem somas,
o plural jamais poderia ter sido utilizado para comunicar um
sentimento
manco que, atinando à realidade
e a bem da verdade,
e a bem da verdade,
só existe aqui.
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