Vergonha
Sentir orgulho e ou vergonha por
pertencer a qualquer país, raça, religião e ou por qualquer outra
característica física sempre me pareceu uma ideia um tanto torta. Afinal, devemos
ser avaliados e medidos por nossas ideias e ações, por nossa capacidade de
sentir empatia por todas as outras pessoas e coisas vivas nesse planeta. Tão distantes da perfeição quanto de outras
galáxias e, portanto, cientes de que as falhas de caráter são inerentes à nossa
existência; mesmo assim ou por isso mesmo, a capacidade de amar aos outros e a
tudo que nos cerca deveria ser o único índice a medir nosso valor, não?
Seja como for, a noção de nacionalismo para
além do amor que sentimos por nossa terra como o lugar ao qual conhecemos desde
o berço e onde nos sentimos completamente em casa, soa-me como um sentimento
preconceituoso por sua natureza. Ser brasileira ou americano, japonesa ou
inglês, sul-africana ou iraniano e etc. e tal jamais definirá muito, ou quase nada,
sobre o caráter da pessoa em questão e, consequentemente, pouco nos dirá sobre
o respeito que devemos a essa ou aquela pessoa.
Contudo e, (mais uma vez) mesmo
assim, ando a sentir-me tremendamente envergonhada de ser brasileira. Pois, apesar
de saber que não somos um amontoado de pessoas iguais e que ser brasileiro não
significa seguir a um determinado padrão de comportamento apenas por nosso
nascimento ao sul do equador, sinto-me assim: acabrunhada por minha natureza. Isso
não está certo, sei que não. Porém, simplesmente, não posso evitá-lo.
Como não sentir vergonha a pertencer
a um país cheio de riquezas no qual muitos cidadãos são classificados como
homens e mulheres de valor inferior e vivem à margem do que chamamos sociedade?
Por que temos tanto e aceitamos que outros possam viver com quase nada? O que
sentir ao ver claramente que nossa classe política, o funcionalismo público,
nossos empresários ou, em suma, aparentemente todo e qualquer brasileiro corrompe
ou é corruptível e tem como meta de vida ter muito dinheiro e poder mesmo que
isso signifique a desgraça de toda uma nação?
Pois bem, não sei o que deveríamos
sentir; o que eu deveria sentir, fazer ou crer nessa situação. Não sei. Sei apenas
que me sinto envergonhada de ser brasileira. Nada mais.
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